terça-feira, 31 de julho de 2007

Na Irlanda do Norte

Ao fim de 38 anos, o exército britânico termina hoje, à meia-noite, a maior operação militar ininterrupta da sua história.
Para reforçar os louros que no zero de conduta se atribuem a Gerry Adams, deixo o episódio do divórcio de 1986 na Sinn Féin, de importância assaz para o processo de paz e omitido na cronologia do Guardian.
Os mais radicais que viam na Constituição da Sinn Féin uma espécie de vaca sagrada e se recusavam a aceitar Leinster House (quanto mais Stormont ou Westminster) acabaram por formar o Republican Sinn Féin. Este partido é encabeçado por Ruairí Ó Brádaigh, que afirmava "How can we claim to be a revolutionary organisation if we take part in the institutions of the state which we oppose?". E tinha razão, o que estava em causa era a via revolucionária, assim como tinha razão quando afirmava que a via armada e a via política são inconsistentes.
A prossecução da reunificação da Irlanda pela via democrática começou aqui:

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segunda-feira, 30 de julho de 2007

O que fez por nós a Europa



Via Speakers Corner.

Como a propriedade intelectual entra no argumento da animação, só por lapso é que podemos compreender a ausência de qualquer menção ao original (afinal está aqui) dos Monty Python no site oficial.

What have the Romans done for us?

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Abortos

cartoon
Entre o positivismo da lei escrita e a defesa da vida humana, vai um quarto de subsídios para o Rally Vinho da Madeira.

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ditadura boa, ditadura má

Israel está a tentar bloquear a venda de armamento sofisticado, dos Estados Unidos para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Qatar, Bahrein e Omã. Esta venda no valor de 5 biliões de dólares para estas ditaduras petromonarquias (como lhes chamou o Público. O Haaretz chama-lhes "moderate Gulf states" ) é justificada por Robert Gates com o argumento de que se esses países quisessem, poderiam facilmente adquirir o armamento à Rússia.
Para a administração conservadora, alimentar o inimigo do nosso inimigo pode parecer boa estratégia, mas a mensagem que passa é a de que não vale a pena aos países eleger os seus representantes (como foi eleito Ahmadinejad) quando se pode simplesmente ser aliado dos EUA.

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domingo, 29 de julho de 2007

Literatura II

De volta de um sono prolongado, aceito (tardiamente) o desafio lançado pelo Rouxinol neste post.
Consiste o desafio em designar os cinco ultimos livros que leram ou estão a ler.

O Homem e a Morte - por Edgar Morin, sociólogo e pensador francês. "É nas suas atitudes e crenças perante a morte que o homem exprime o que a vida tem de mais fundamental." É por esta razão que é indispensável integrar a reflexão sobre a morte e o papel que esta representa no quotidiano e no panorama cultural do ser humano.








The Miracle of Theism - Arguments for and against the Existence of God pelo falecido filósofo australiano J.L. Mackie. Neste livro, o filósofo J.L.Mackie aborda um dos problemas centrais na filosofia ocidental: O problema da Existência de Deus. Apesar de ser ateu manifesto, Mackie aborda o problema com uma clareza extraordinária e é notável a ausência de enviesamentos cognitivos, que se traduzem numa abordagem imparcial dos argumentos apresentados por ambos os lados da barricada filosófica.










A Mitologia - Contos intemporais de Deuses e Heróis por Edith Hamilton. Um excelente compêndio de mitos greco-romanos, recorrendo ás mais diversas fontes de autoridade do mundo antigo (Homero, Ovídio, Eurípedes, entre outros autores gregos e romanos), apresentando cada mito central de uma forma relativamente resumida, oferecendo-nos apenas a polpa de cada história.












Apologia de Sócrates por Platão, filósofo grego e discípulo de Sócrates. Esta pequena obra dispensa apresentações. Trata da defesa do filósofo grego Sócrates frente ás acusações de não acreditar nos deuses, corromper a juventude, de introduzir o culto de novos deuses(!) e ainda de investigar todas as coisas além do céu e sob a terra. Vale sempre a pena revisitar esta obra, que, infelizmente, já não faz parte do currículo de Introdução à Filosofia.




Neurophysiology por R.H.S. Carpenter. Obra de índole técnica, é referência nas salas de aula das universidades que leccionam cursos relacionados com a neurociência. A sua leitura requer conhecimentos prévios sobre neuroanatomia e fisiologia geral.

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sábado, 21 de julho de 2007

União Ibérica












Dei uma volta pela blogosfera para ver os argumentos a favor e contra a proposta de Saramago de uma "integração territorial, administrativa e estrutural" de Portugal, como uma das várias regiões autónomas de um país chamado Ibéria.
Começando pelos que estrebucham enfurecidos contra tal heresia.

"O iberismo, literalmente tão velho como a Sé de Braga, está caduco."

O iberismo é mau porque é velho.

"Espanha nem as suas próprias regiões chega a tratar bem"

O iberismo é mau porque Espanha não trata bem as suas regiões.

"Mas alguém (moralmente saudável) trocaria os pais pobres por outros mais ricos? Alguém trocaria os pais analfabetos por outros eruditos?"

A analogia é interessante. O que me leva também a denunciar todos os países envolvidos na União Europeia, essa gentalha moralmente pouco saudável.

Passando agora para algum material mais elaborado.

"Os motivos, segundo analistas, é a estabilidade e o crescimento económico espanhol, atractivos para uma melhora de vida. A Espanha é hoje, junto com a Irlanda, um dos países europeus mais prósperos, ao passo que Portugal passa por uma crise econômica e um aumento da inflação, aumento esse causado principalmente pelo advento do euro no país."

Falta provar que Portugal beneficiaria desse desenvolvimento e que o acompanharia, tanto quanto a Espanha. Este argumento justifica a Ibéria pelo efeito sinérgico que provoca na economia enquanto plataforma comum.
E alguma coisa nossa que interessasse aos espanhóis também faria sentido...

"Mas hoje quero falar da tentação inversa, da tentação espanhola da portugalidade."

Outro tipo de argumentação que poderá surgir, um pouco atentatório da inteligência das pessoas, para não dizer mais...

"Embora seja inegável que tenha em si uma componente de tentativa de satisfacção do orgulho nacional e de prestígio pelo domínio de um rival"

Inquietações de vaidade contrapostas por um iberista:

"En todo caso el iberismo no debe entenderse como la absorción del Estado portugués por su vecino español -vieja aspiración de la derecha reaccionaria española-, sino como la creación de un ente superador de ambos en el que de una puñetera vez quepamos a gusto, en plano de igualdad y de respeto mutuo, todos los hijos de Iberia. Y todos significa eso, todos."

Argumentos iberistas menos materialistas e mais espirituais, não menos infantis que os anteriores:

"Sabe-se, igualmente, que na origem de Portugal estiveram apenas razões de índole política. Basta ler com atenção a "Formação de Portugal" do sábio Orlando Ribeiro"

Em relação ao centralismo de Madrid.

"¿Y cuál sería la capital? (...) yo elegiría Mérida:

* A medio camino entre ambas capitales.
* Bien comunicada con todos los rincones de la península gracias a la A-5 y A-2 (eje oeste-este) y la A-66 (eje norte-sur).
* Suficiente simbolismo histórico para poder ostentar el rango de capital. De hecho, fue capital de Lusitania"



Outras observações pertinentes.

"Apenas lhe sublinhei que os argumentos que usou em favor de uma união ibérica foram exactamente os mesmos que invocou contra uma integração no espaço europeu. Por outras palavras, que o seu iberismo é anti-europeísta."

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domingo, 15 de julho de 2007

Igualdade e igualitarismo

Faço notar que estou de acordo com a resposta dada a um comentário meu aqui.

Aquilo que eu espero do ensino público é que seja uma ferramenta de justiça social que permita a todos os alunos potenciar o seu valor minimizando a influência do orçamento familiar e da proveniência no mesmo. Esconder o potencial de cada um é desacreditá-lo e abrir portas à superioridade dos privados. Portanto, os defensores do ensino público não são os que não querem avaliar os alunos todos pela mesma bitola, mascarando os problemas em vez de os resolver. Esses são os seus detractores.

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Dogging

Desconhecia esta recente modalidade.


















Via 25 centímetros de neve.

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sexta-feira, 13 de julho de 2007

Literatura

O Flávio decidiu incluir-me numa corrente literária onde as vítimas revelam os últimos cinco livros que leram ou estão a ler. Alinho.


O mundo é pequeno de David Lodge. É um romance que serve de sátira a um punhado de professores universitários de língua e literatura inglesa, cuja busca desenfreada pela perfeição académica mais não é do que uma fuga a um ambiente familiar monótono. Eis a descrição dos críticos literários: "Hoje em dia um crítico não faz mais nada a não ser tentar deturpar o sentido da expressão mais óbvia , dando-lhe milhares de significados...De facto, o seu objectivo não é fazer justiça ao autor, a quem trata de forma muito pouco cerimoniosa, mas sim prestar homenagem a si próprio e demonstrar os seus conhecimentos em todos os tópicos e recursos da crítica".












O economista disfarçado de Tim Harford e o Freakonomics de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, que são apresentados em simultâneo por representarem a mesma tendência: a economia popular, que utilizando as ferramentas da economia abordam tudo e mais alguma coisa, desde a relação entre o aborto e a criminalidade até à relação entre a eficiência dos mercados e o trânsito urbano.

Neste momento estou a ler: Duas ou três graças de Aldous Huxley e Numenklatura, os privilegiados na URSS de Mikhail Voslensky.

Passo a batata quente ao Diógenes de Roterdão e aos blogs: Insinuações, Quintus, Xatoo e apanha-moscas.

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