tag:blogger.com,1999:blog-35499120914591647392024-03-05T04:20:44.286+00:00SOS AcriticismoSOS Acriticismo. Uma mente de cada vez.Flávio Santoshttp://www.blogger.com/profile/11697422687181565903noreply@blogger.comBlogger113125tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-22196875519124188362008-05-04T17:53:00.003+00:002008-12-11T01:09:00.629+00:00O liberalismo e o socialismo de mãos dadas<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZj58NTR1v1BvE4zHXSdhAbmKCaYDpmgIm7NDNrNq3KRZz7SsXK9bXtfXAJotJ2VtScrM-mTtEN4kJQZba1zbZ_QNfyGlcCd2_-irU1CLX0Mmivfgpp-1Lxk2EA5hpbAXMPkL7y1r0oCXH/s200/icon_study.JPG"> <a href="http://kontratempos.blogspot.com/2008/05/liberalismo-de-esquerda.html">Liberalismo de Esquerda</a>, por Tiago Barbosa Ribeiro<br /><br /> Neste texto o autor procurou alinhar o liberalismo com o socialismo, que como eu entende que um só pode ser a expressão incompleta do outro, mas explorou um argumento que me parece complexo. Quer desenvolver a ética do mérito para justificar as desigualdades à chegada. <br /><br /><span id="fullpost"><a href="http://books.google.pt/books?id=-9AUI0CJ5eIC&dq=meritocracy+myth&pg=PP1&ots=p6NGZJxf5K&sig=TI1aenau4hhEDg974BBg2NFUMM0&hl=pt-PT&prev=http://www.google.pt/search%3Fhl%3Dpt-PT%26q%3Dmeritocracy%2Bmyth%26btnG%3DPesquisa%2Bdo%2BGoogle&sa=X&oi=print&ct=title&cad=one-book-with-thumbnail"><b>O mito da meritocracia</b></a> <br /> <br /> Esta tese parte de um princípio correcto que dependente de uma tarefa impossível que é identificar (quanto mais anular) todas as desigualdades à partida, de forma a desenviesar a hierarquia social à chegada, que se quer o seu justo e cristalino reconhecimento, a meritocracia. O problema é que isto é um mito porque ninguém consegue anular todas as desigualdades à partida, e as desigualdades que não se anulam à partida serão as desigualdades à chegada. Um determinismo hegeliano para os que comungam desta "espécie de calvinismo ateu". <br /> <br /> Há que mudar o discurso e sustentar melhor a razão pela qual os indivíduos se podem distanciar uns dos outros. Não é porque tenham o mérito como argumento moral, porque essa definição é completamente arbitrária, e no limite não há nada que a sustente. <br /><br /> Marx defendia que devíamos caminhar para uma economia que distribuísse "De cada um segundo as suas possibilidades, para cada um segundo as suas necessidades". Nós somos indivíduos, e da nossa individualidade inferimos que temos necessidades distintas. Ora se temos necessidades distintas não podemos ter a mesma fatia do produto, a menos que na definição de "valor" estivesse a "necessidade". O mercado é alheio a este tipo de definições, embora o conceito de "valor" não seja alheio ao de mercado.<br /> Da mesma forma que nos sentimos injustiçados sempre que somos forçados a aceitar que uma condição, sobre a qual não podemos actuar, nos limite a satisfação das nossas necessidades, também nos sentiríamos injustiçados e descompensados com um sistema que nos impedisse de ascender para ir satisfazendo necessidades ilimitadas. <br /><br /> <b>A necessidade da desigualdade</b><br /><br /> Em mãos ficamos com uma pescadinha de rabo na boca, porque estas duas vontades acabam por chocar. Entre a vontade de satisfazer necessidades ilimitadas, e ao mesmo tempo anular as desigualdades que essa mesma satisfação provocou.<br /><br /> <i>"Mas uns indivíduos são física ou moralmente superiores a outros e, portanto, fornecem mais trabalho no mesmo tempo ou podem trabalhar mais tempo (...) Com igualdade de trabalho e, por conseguinte, igualdade de participação no fundo social de consumo, há portanto uns que efectivamente recebem mais que os outros, uns que são mais ricos que os outros (...) Mas estes defeitos são inevitáveis na primeira fase da sociedade comunista"</i> <br /> <b>Karl Marx</b> na Crítica ao Programa de Gotha<br /> <br /> Não é por acaso que Marx distingue a "fase inferior", onde a remuneração diferencia o trabalho simples e o trabalho complexo, da "fase superior" do comunismo. É exactamente porque sem incentivos não se maximizam as contribuições para o bolo ("de cada um segundo as suas possibilidades..."), e se não se maximizarem essas possibilidades, aquilo que se deixa aos restantes que por si só não conseguíram satisfazer todas as suas necessidades, acaba por ser inferior ao que teriam na ausência desses mesmos incentivos.</span>Unknownnoreply@blogger.com33tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-14656009974775391082008-03-22T23:33:00.004+00:002008-03-23T00:56:24.781+00:00Terceira intifada no Tibete<embed src="http://www.youtube.com/v/L6XD5A7-Fqg&hl=en" width="375" height="305"></embed><br /><br /><br />É nestes vídeos que se confirma o <a href="http://www.economist.com/daily/news/displaystory.cfm?story_id=10870258&top_story=1">relato</a> de James Miles, correspondente para o <i>The Economist</i>, o único com autorização para reportar os confrontos em Lhasa. Conta-nos que enquanto entrevistava um monge no interior de um mosteiro, um jovem de etnia Han, a etnia maioritária na China, pede auxílio e refúgio no interior, aterrorizado por vândalos que perseguem e agridem o comum transeunte, culpado por associação étnica, ao mesmo tempo que <a href="http://www.youtube.com/watch?v=sHo5hx78xkk">pilham e incendeiam o seu pequeno comércio</a>, como podem ver <a href="http://www.youtube.com/watch?v=9GEW2tXV4Vw">neste testemunho</a> de um turista australiano. <br /> De um dos incêndios ateados, 5 raparigas chinesas viriam a falecer, como <a href="http://www.youtube.com/watch?v=hWYuVmZi0Zc">aqui</a> vem noticiado. <br /> <br /> O rastilho foi incendiado por um boato, de que a polícia chinesa teria assassinado monges junto ao templo Jokhang, o resto foi a reprodução fiel de uma Kristallnacht ou de outros progroms pouco recomendáveis. <br /> Há algo que escapa nas manifestações que pululam um pouco por todo os consulados da China no mundo ocidental. Aliás, escapa muita coisa sempre que se fala do Tibete. Há uma sinistra personagem que capitaliza sempre o descontentamento tibetano perante a ditadura que mais viola os direitos humanos a nível mundial. <br /> O regime feudal que o pateta alegre chefiou não lhe deu créditos, parece que precisa de contrabalançar com os crimes dos outros para se sentir feliz.Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-8950828507852003822008-03-22T00:59:00.008+00:002008-12-11T01:09:00.884+00:00O ateísmo agnóstico e a domesticação das religiõesDa caixa de comentários do fiel inimigo, vale a pena compendiar <a href="http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/02/gatos-tigres-porcos-e-raspadores-de.html">esta</a> discussão para desmontar os preconceitos que repousam nas alminhas mais conservadoras. Tem a ver com questões que o eco deixado pela religião numa certa direita dogmática, não deixou que se desenvolvessem fora dos trilhos da esquerda, por medo de serem apanhados e culpados por associação. O facto de se ter <a href="http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/03/ateismo.html">levantado novamente esta questão</a>, prova isso mesmo. <br /><br /><span id="fullpost"> <br /> <br /> <b>O ateísmo agnóstico</b><br /> <br /> O ateísmo e o agnosticismo respondem a questões diferentes, e por isso, não são mutuamente exclusivos.<br /> <br /> (1) Deus existe?<br /> (2) Acreditas em Deus?<br /><br /> O agnosticismo e o ateísmo, respondem a (1) e (2) respectivamente. O agnosticismo, como o definido por Huxley, é um método e não uma crença, que aceita que fiquem sem resposta as questões que nos transcendem. Esta é uma posição partilhada por muitos teístas, exactamente porque separam a crença do conhecimento, e não tomam uma pela outra. Uma crença não tem que ser demonstrada (teísmo), tal como a sua inexistência (ateísmo).<br /> Se me perguntarem se eu acredito em Deus, eu direi que não. Serei um ateu, alguém que não tem a crença em entidades divinas. Não ter a crença numa entidade divina, não é a mesma coisa que ter a crença na inexistência de uma entidade divina (este é o busílis da questão). E por isso posso ser ateu (não ter crenças) e agnóstico (deixar sem resposta as dúvidas existenciais que sustentam as crenças dos outros). É exactamente isso o que me considero.<br /><br /> <b>A domesticação das religiões</b><br /> <br /> Convém começar por explicar que a domesticação das religiões e a redução da sua influência nos poderes públicos foi sempre feita por imposição da sociedade, e não por iniciativa da própria. É portanto a sociedade que domestica a igreja, e não a igreja que se domestica a ela própria. <br /> Tanto assim é, que a mesma crença que aqui aparenta ser um <i>"felino domesticado"</i>, no <a href="http://www.afrol.com/Countries/Rwanda/backgr_cross_genocide.htm">Rwanda</a> ou no Uganda serve de encosto moral a exércitos genocidas, raptores e que utilizam crianças nas suas fileiras para a prossecução dos objectivos mais lunáticos.<br /><br /><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Lord's_Resistance_Army"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWVSXZPl03XF4gtcby-jyEGin1LABlWVB4CydGzp4UdAgAFoWOvQHEZ9hIwN3ydbqu_GfbfCJjb_sBZJ_cS6wYnq9tldqfUC_CGcofKmv_B9iCEs208iG2fNcON-R9uCkpqxiPBVL8ycGk/s200/Lord_Resistance_Army_Child.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5180384698120272882"/></a><br /><i>(clicar na imagem para aprender mais...)</i><br /><br /> As sementes do ódio estão na bíblia. A submissão do ser humano aos superiores desígnios da escolástica. O abandono do pensamento racional.<br /> A religião é uma poderosa arma que não pode cair nas mãos erradas. Aquilo que se foi fazendo na Europa resume-se a um longo e diplomático processo de alegorização dos disparates bíblicos, feita com complexas hermenêuticas e paciência de santo. A bíblia também condena à morte os judeus, os homossexuais, os infiéis, os ateus, os adúlteros e adúlteras. Hoje ninguém liga. Ao invés, um enorme número de muçulmanos ainda liga a estes disparates. É só esse trabalho de domesticação que têm que fazer.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-746875860859380702008-03-11T15:21:00.002+00:002008-12-11T01:09:00.896+00:00A avaliação dos professores<img src="http://clix.expresso.pt/users/0/12/e34e1f75.jpg"><br /><br /> <img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZj58NTR1v1BvE4zHXSdhAbmKCaYDpmgIm7NDNrNq3KRZz7SsXK9bXtfXAJotJ2VtScrM-mTtEN4kJQZba1zbZ_QNfyGlcCd2_-irU1CLX0Mmivfgpp-1Lxk2EA5hpbAXMPkL7y1r0oCXH/s200/icon_study.JPG"><a href="http://aspirinab.com/valupi/a-marcha-da-estagnacao/">A marcha da estagnação</a> por Valupi. <br /><br /><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZj58NTR1v1BvE4zHXSdhAbmKCaYDpmgIm7NDNrNq3KRZz7SsXK9bXtfXAJotJ2VtScrM-mTtEN4kJQZba1zbZ_QNfyGlcCd2_-irU1CLX0Mmivfgpp-1Lxk2EA5hpbAXMPkL7y1r0oCXH/s200/icon_study.JPG"><a href="http://5dias.net/2008/03/10/sim-e-agora/">Sim, e agora?</a> por João Pinto e CastroUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-3796057164488499782008-03-02T16:33:00.003+00:002008-12-11T01:09:01.030+00:00Da prova de ganância<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_QSAs3vNjRFuhBkS1XdErX8V0u0m9nc3IZBsAP0FalduvaKNO0ovIHG7XMuuxWxMmJGZ20-vDARLlMeOOzk08SzEQImjh57c4qsxtyNYx8RrYIwV0Sa5yiOITK8K7NTaFM7UL7igxs7_S/s200/Ben_Bernanke_vs_V%C3%ADtor_Const%C3%A2ncio.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5173186363923566306"/><br /> <br /> <i>"O presidente do Banco Central do país mais pobre da União Europeia, ganha cinco vezes mais que o presidente do Banco Central do país mais rico do mundo!"</i><br /><br /> Um assunto muito bem explorado em <b><a href="http://www.igeo.pt/forum/RTE/documentos/ficheiros/VitorConstancio.pdf">A verdade</a></b> [pdf].Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-63488518845094163122008-01-30T01:29:00.000+00:002008-12-11T01:09:01.045+00:00Na blogosfera<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZj58NTR1v1BvE4zHXSdhAbmKCaYDpmgIm7NDNrNq3KRZz7SsXK9bXtfXAJotJ2VtScrM-mTtEN4kJQZba1zbZ_QNfyGlcCd2_-irU1CLX0Mmivfgpp-1Lxk2EA5hpbAXMPkL7y1r0oCXH/s200/icon_study.JPG"> <a href="http://esquerda-republicana.blogspot.com/search?q=+Liberdades+positivas+e+negativas">Liberdades positivas e negativas</a>, por João VascoUnknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-8982595934425252192008-01-06T20:10:00.000+00:002008-12-11T01:09:02.066+00:00A laicidade é uma chaticeA Igreja Católica é uma filha que foi mimada pelo Estado. Nos dias de hoje, e apesar da madura idade que leva de comida na mesa, cama e roupa lavada, não se sente minimamente compelida a abandonar a alçada dos pais. Pior, reage mal quando se toca no tema. <br /> <i>"Vai lá à tua vida..."</i>, dizem os pais desnaturados (e <a href="http://dn.sapo.pt/2005/10/05/tema/sorriem_nunca_baixam_a_guarda.html">irmãos</a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkx4tcRJaUZoDMLdXykR6XwA7t4P8QFG44iK9rl2yv0oALSOH-PMlqi3aT1pSVYH60yrIvbxN0HuxPzAHp1LfRiQOpt900MyGYmMhJQkRvb3Y7P7Her_6M14CAqZ-QfbBGKN_95TWy_CQS/s1600-h/religiao_1.JPG">emancipados</a>), cansados do paternalismo de fachada. O infante pensa <i>"Se o Estado já não me quer cá em casa, é porque não gosta de mim"</i>. A birrinha e os amuos aparecem. Acusam de "anticatólicos" ou "laicistas radicais" aqueles que querem ajudar a igreja a sair do defeso. <br /> Vou dar-lhes um pouco de atenção.<br /> <span id="fullpost"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7VeGixsyEuKBM012fcNiAmjAwa6bZvlie0nkMgJKeuK1JYPru2TDnjZeUpfOGxNGr50hFlQBzaHoObuRlInf9manFs3hPUL5sgZXOrh414kejepZFhT94dPHzlxdbmITqeEBHqtVWkLJv/s200/Esther_Mucznik.jpg"/> <br /><br /><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZj58NTR1v1BvE4zHXSdhAbmKCaYDpmgIm7NDNrNq3KRZz7SsXK9bXtfXAJotJ2VtScrM-mTtEN4kJQZba1zbZ_QNfyGlcCd2_-irU1CLX0Mmivfgpp-1Lxk2EA5hpbAXMPkL7y1r0oCXH/s200/icon_study.JPG"> <a href="http://povodebaha.blogspot.com/2008/01/desforra-de-deus.html"><b>"A desforra de Deus"</b></a> de Esther Mucznik.<br /><br /><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNxz9JjG3QRbTBh42yjIZIaGQTwUuAKD5JtRQ1ozWTMeyyKSxAE3ptIYtk6AgNQZiuPjvcF9F6QTZLmr44GrKUZXjagGgOaru5NZMhdBLp4FT8ieY2IR1y0yM28rlhhd4jbTC6KzCjSEIQ/s200/abrir_aspas.JPG"/ height="18.66" width="22.33">Como doutrina e como prática, a laicidade radical que considera a religião como um factor de atraso e obscurantismo a banir do espaço público<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVDdyNTBaiAdFRyKMXZt0NiLZecjuY-vfbIv76Pw5cPHmT_HXxDEdKN-mVg6Gz5WrCXJMh_LLjuv7u43ZHC2XdQh4dj20FEqxpRRrqcnKYlF3LEcgvWMtPIsHGu1OZ13kt8h85CZ-S9vGD/s200/fechar_aspas.JPG"/ height="18.66" width="22.33"><br /><br /> A noção de que a religião é um factor de atraso e obscurantismo não se encontra no conceito de laicidade ou laicismo, é apenas a mais descarada constatação da realidade. A noção de imparcialidade e a não discriminação, pela qual se impede que o Estado tenha qualquer poder religioso e as igrejas qualquer poder político, talvez esteja mais perto do alvo.<br /><br /><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNxz9JjG3QRbTBh42yjIZIaGQTwUuAKD5JtRQ1ozWTMeyyKSxAE3ptIYtk6AgNQZiuPjvcF9F6QTZLmr44GrKUZXjagGgOaru5NZMhdBLp4FT8ieY2IR1y0yM28rlhhd4jbTC6KzCjSEIQ/s200/abrir_aspas.JPG"/ height="18.66" width="22.33">"Se não tiveres Deus", afirma T.S. Eliot, "terás de te prostrar perante Hitler ou Estaline." Certo ou errado, a verdade é que a religião tem sido frequentemente um fermento no combate às ditaduras políticas e militares<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVDdyNTBaiAdFRyKMXZt0NiLZecjuY-vfbIv76Pw5cPHmT_HXxDEdKN-mVg6Gz5WrCXJMh_LLjuv7u43ZHC2XdQh4dj20FEqxpRRrqcnKYlF3LEcgvWMtPIsHGu1OZ13kt8h85CZ-S9vGD/s200/fechar_aspas.JPG"/ height="18" width="22.33"><br /><br /> Certo ou errado, a verdade é que o <a href="http://www.nobeliefs.com/Hitler1.htm">cristianismo de Hitler</a> não foi um factor que o impedisse de realizar a sua obra, pelo contrário, foi aliás em nome do Criador que o fez, como explica no Mein Kampf. Já Estaline herdou um povo crédulo e fácil de maniatar.<br /><br /><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP9uH8Fpc0Is8vsggrdQDDWhPJW91gTXEYCyVvuXjjBt5a8u6CU1Vbomg2bZL_3gPX-WawDdLez5TnWJc3ClJr9hzLNAfPf-l5BCN9Vvu1Q-VDDRa0D4eIMygVbNfr-NFJoJP7hjTTm6XV/s200/Vasco_Pulido_Valente.jpg"/><br /><br /><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZj58NTR1v1BvE4zHXSdhAbmKCaYDpmgIm7NDNrNq3KRZz7SsXK9bXtfXAJotJ2VtScrM-mTtEN4kJQZba1zbZ_QNfyGlcCd2_-irU1CLX0Mmivfgpp-1Lxk2EA5hpbAXMPkL7y1r0oCXH/s200/icon_study.JPG"> <a href="http://www.atlantico-online.net/blogue/2008/01/06/vasco-pulido-valente-no-publico-de-ontem/"><b>"O fanatismo da tolerância"</b></a> de Vasco Pulido Valente <br /> <br /><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNxz9JjG3QRbTBh42yjIZIaGQTwUuAKD5JtRQ1ozWTMeyyKSxAE3ptIYtk6AgNQZiuPjvcF9F6QTZLmr44GrKUZXjagGgOaru5NZMhdBLp4FT8ieY2IR1y0yM28rlhhd4jbTC6KzCjSEIQ/s200/abrir_aspas.JPG"/ height="18.66" width="22.33">O Governo socialista de José Luis Zapatero resolveu suprimir o ensino religioso (...) E obviamente ninguém pede que se ponha fim a uma certa propaganda islâmica ou, se preferirem, de ensino corânico<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVDdyNTBaiAdFRyKMXZt0NiLZecjuY-vfbIv76Pw5cPHmT_HXxDEdKN-mVg6Gz5WrCXJMh_LLjuv7u43ZHC2XdQh4dj20FEqxpRRrqcnKYlF3LEcgvWMtPIsHGu1OZ13kt8h85CZ-S9vGD/s200/fechar_aspas.JPG"/ height="18.66" width="22.33"><br /><br /> Quem apenas dirige a vista, em leitura diagonal, não percebe que o que aqui está em causa é se o <b>ENSINO PÚBLICO</b> deve ou não discriminar positivamente uma dada confissão religiosa e se, no <b>ENSINO PRIVADO</b>, deve ou não haver o direito de leccionar qualquer religião, seja ela cristã ou muçulmana. <br /> Se respondermos <b>Não</b> e <b>Sim</b>, respectivamente, às duas questões acima colocadas, ficaremos com uma noção de justiça um pouco diferente daquela que VPV quis passar, que é a de que se beneficia o Islão em detrimento do Catolicismo, quando a verdade é a de que se colocam as duas confissões ao mesmo nível. <br /><br /><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNxz9JjG3QRbTBh42yjIZIaGQTwUuAKD5JtRQ1ozWTMeyyKSxAE3ptIYtk6AgNQZiuPjvcF9F6QTZLmr44GrKUZXjagGgOaru5NZMhdBLp4FT8ieY2IR1y0yM28rlhhd4jbTC6KzCjSEIQ/s200/abrir_aspas.JPG"/ height="18.66" width="22.33">Em Espanha, e na “Europa” inteira, ninguém se lembraria de criticar ou de inibir manifestações<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVDdyNTBaiAdFRyKMXZt0NiLZecjuY-vfbIv76Pw5cPHmT_HXxDEdKN-mVg6Gz5WrCXJMh_LLjuv7u43ZHC2XdQh4dj20FEqxpRRrqcnKYlF3LEcgvWMtPIsHGu1OZ13kt8h85CZ-S9vGD/s200/fechar_aspas.JPG"/ height="18.66" width="22.33"><br /><br /> Aqui os verbos criticar e inibir aparecem quase associados, num raciocínio que pode levar o leitor a pensar que o Governo de Zapatero inibiu uma manifestação, quando o que fez foi criticá-la. E isso mais não é do que um direito que lhe assiste.Unknownnoreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-3086304830685164212008-01-03T15:14:00.000+00:002008-12-11T01:09:03.055+00:00Nova lei do tabaco<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7SQc6nz7hqJyMoqehi8fsaIbGz3G6TovSDNXHX8YdULUprxiTxZXyxxurScgnGzOowGEIW_YeYG5f-tWq2ibpWiAAKOFOgaWGdC5Nu9hX6meC9jrS3xwP5LSpYKCEX1BsJeaJYrOggWJa/s200/nova_lei_do_tabaco.jpg"/><br /><br /> Passeei por aí na expectativa de encontrar argumentos bem fundamentados contra a <a href="http://jpn.icicom.up.pt/documentos/pdf/lei_tabaco_14agosto2007.pdf">nova lei do tabaco</a> [PDF]. Não encontrei nada, e porquê? porque a lei é fundamentalista. É fundamentalista no que toca a prescindir dos direitos positivos dos fumadores em prol dos direitos negativos dos não fumadores (exceptuando à regra os hospitais psiquiátricos e as prisões). Tendo em conta que a população fumadora se estima na casa dos 30%, podemos afirmar que incrementámos a liberdade numa função imaginária onde a maioria dos não fumadores ganhou um direito sobre um, até então, direito da minoria dos fumadores. <br /> É uma questão de prioridades com a qual concordo e que por não ter muitas bases lógicas para ser refutada, retira a substância aos seus detractores e condena-os ao ridículo, que passo agora a expor:<br /> <span id="fullpost"><br /> <br /> <b>O argumento da ingerência do Estado na propriedade privada</b><br /><br /> É um argumento que já foi lançado <a href="http://ablasfemia.blogspot.com/2007/05/plano-quinquenal-contra-o-fumo.html">aqui</a> por João Miranda e <a href="http://www.haloscan.com/comments/blasfemia/3247292889352509475/#688931">oportunamente rebatido</a> por Rui Tavares, que passo a citar:<br /><br /> <i>"O João Miranda não me leve a mal, mas este post parece uma daquelas listas de pureza ideológica que se dava aos maoistas para usarem na auto-crítica. Ainda por cima há coisas que não colam bem. Veja o ponto 6:<br /><br />6. A propriedade privada, cara a qualquer liberal, é considerada relativa. O mesmo é dizer que a propriedade privada deve ser parcialmente colectivizada.<br /><br />Vamos dizer que a propriedade privada é cara a qualquer liberal. Quer isso dizer que ela não possa ser considerada relativa? Só pode ser valorizada se for absoluta? Só se pode ser liberal se se considerar a propriedade absoluta? Nesse caso, John Stuart Mill não é liberal, e tenho impressão que está longe de ser o único. Tenho até impressão que o liberalismo clássico valoriza a propriedade privada precisamente porque ela é relativa, e que entre a propriedade e a justiça escolhem a justiça. Podem considerar — como você — que a justiça emerge de em regra se respeitar a propriedade privada, mas isso não quer dizer que ela seja absoluta. Quer apenas dizer, como diziam os romanos, que a propriedade é o jus utendi et abutendi res sua quateus juris ratio patitur. Ou seja, o direito de usar e abusar de uma coisa sua, sim, mas enquanto a razão do direito o permita.<br /><br />Como diz o Tiago e bem, a razão do direito não me permite que eu, enquanto proprietário de um espaço público, não deixe lá entrar pretos. Não é justo, e a lei deve restringir o direito de propriedade nesse caso. O que não poderia acontecer se toda a propriedade fosse absoluta e todo o tipo de propriedade fosse igual (uma loja minha não é como a minha casa, onde eu posso efectivamente não deixar entrar sócios do sacavenense ou coxos, nem que seja apenas por capricho)."</i><br /><br /> <b>O argumento da construção espontânea contra as engenharias estatais</b><br /><br /> Todos sabem que, auto-denominados liberais, têm um problema com o Estado e vivem a despejar os habituais trejeitos contra tudo o que o Estado faz, mesmo quando o faz bem.<br /> Estamos a falar de pessoas que fazem fé em escritos mais jurássicos que os marxistas. Estamos a falar de encarnações de profecias como as de Thomas Jefferson que dizia: <i>"The course of history shows that as a government grows, liberty decreases"</i>. Estamos a falar de gente que tem a convicção real de que só o Estado é que é uma força limitadora da liberdade individual, que só o Estado é que pisa os cidadão, negando por isso a realidade a céu aberto. Não é só o Estado que pisa os cidadãos, por vezes os cidadãos também se pisam uns aos outros, também limitam a liberdade uns dos outros. E é aí que entra o poder do Estado para garantir que isso não acontece, ou seja, para incrementar e instituir mais liberdades para os cidadãos.<br /> Apraz-me dizer que esta mesma ideia está expressa no <a href="http://ablasfemia.blogspot.com/2007/05/plano-quinquenal-contra-o-fumo.html">texto de João Miranda</a> que atrás linkei:<br /><br /><i>"2. O plano visa destruir elementos sociais que são parte de uma sociedade complexa e que evoluiram espontaneamente sob a alegação que tais elementos sociais violam as liberdades individuais. <FONT COLOR="#FF0000">Ou seja, aquilo que resultou da liberdade, que evoluiu espontaneamente, é contestado porque viola a liberdade.</font>"</i><br /><br /> E não há melhor forma de pôr as coisas. Não é só a liberdade que resulta da liberdade. É exactamente para isso que serve o Estado, para evitar que a liberdade de uns colida com a liberdade dos outros. <br /> Infelizmente o próprio desmancha no ponto 7, aquilo que escreve no ponto 2:<br /><br /><i>"7. A liberdade individual é limitada porque a liberdade individual produz resultados que determinadas pessoas não gostam."</i><br /><br /> Não é porque determinadas pessoas não gostam, mas sim porque - como vem referido no ponto 2 - "viola a liberdade". <br /><br /> Para terminar este ponto. Se a maximização da liberdade individual passa por uma regulação do Estado, então um liberal que não quer que o Estado regule não defende a maximização da liberdade individual. <br /> <br /> <a href="http://www.oinsurgente.org/2008/01/01/grandes-avancos-civilizacionais/"><b>Argumentum ad Hitlerum</b></a><br /><br /><a href="http://constitutionalistnc.tripod.com/hitler-leftist/id1.html"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOtE3vtAnPToemewBxCDUBfXByL4oMj65eSsV43qctARkpq2H6t7uNmM0N8M0DCA8w5WPM260KsMmn6EOsH7AqYB6uplH73o5r2Vx8T8f5P4M_eRY7PRstUUxg_Irpstm4Hjm52u-fbtX8/s200/nazi_anti_smoking_poster.jpg" height="160" width="110"/><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBa2UclAO5kYtGD4T1LD4n0CWmWbnQlpis-nHAmgpP5lid9fSp1NKozYbaEPmT9lePv8e2cd4UaatpsbVWSE9ab9sIpVz3nqoLg6UUAHi3Oon-IwVs4EJWs2Re5Pm5WBCgJkacehMt1uXq/s200/nazi_anti_smoking_poster3.JPG" height="160" width="110"/><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYJd_nkJPpnUPzeGDOtDyNVkXEhkqwzYmQVZYV1prJIedNq2Rw2UvykJnJyngyAOZrRtQ2BpRQM7fOqyI2Rc4VzetasfS_qDMFoSWwAgFVprufT2NCZBUdSxrPlKakKMrmY1uVaZ4OQX4T/s200/nazi_anti_smoking_poster2.JPG" height="160" width="110"/><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnoD4goYylyC-2A0Wx-CT2_vRM1QbLICK4pv6tjmvdt0ZGrkMddReo29S8-rhOYH_FfeOfbMitYghLFPA5miGyLuwG0GClxJq6O6lDXdxbgk7gRmzeNtF35KJTY18kx7ct6D_ib6Es1df0/s200/nazi_anti_smoking_poster4.JPG" height="160" width="110"/><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRNwNE5B9doD8bTHJ2x3DV_dbkx1wkJLiIYaaAxEInTZlg5M20d1BjTZLGpkmJ6rumVs4KHkNmJ31iKmUwxyuY1hj-vGg5XqqSAggk1KVxtre0FCvr4mE01skD81k7kKynf629P0-KY8IT/s200/nazi_anti_smoking_poster5.JPG" height="160" width="110"/> </a><br /><br /> Já no fim de linha surgirá este <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Reductio_ad_Hitlerum">conhecido silogismo</a>, normalmente incompleto (concluído mentalmente) ou construído de forma lateral. <br /> <br /> (1) Os nazis eram a favor da proibição do fumo em espaços fechados; <br /> (2) Os nazis são criminosos;<br /> (3) logo, a proibição do fumo em espaços fechados é uma lei criminosa e/ou nazi.</span>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-76715256587686347502008-01-02T21:59:00.000+00:002008-01-03T14:07:18.395+00:00Subprime<embed src="mms://media4.abc.net.au/4corners/loans/loans_lo.wmv" autostart="0" showcontrols="1" type="application/x-mplayer2" pluginspage="http://www.microsoft.com/windows/windowsmedia/download/" height="320" width="320"></embed><br /><br /> O vídeo que recomendo, e que arranjei <a href="http://personal-finance-management.blogspot.com/2007/12/video-mortgage-meltdown-its-american.html">aqui</a>, tenta explicar a crise do crédito hipotecário de alto risco (subprime) já aberto pela curiosidade que me suscitaram <a href="http://www.miguelportas.net/blog/?p=97#comment-220">est</a><a href="http://www.miguelportas.net/blog/?p=97#comment-226">as</a> explicações.Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-63213526012043773862008-01-02T00:30:00.000+00:002008-01-02T01:24:09.896+00:00Buraco negro no calendário<b><i>"os velhos trabalham, os velhos copulam, os velhos não têm um instante, um momento para fugir ao prazer, para se sentarem e pensar, ou se alguma vez, por um desastroso acaso, uma tal falha no tempo se escancarasse na substância sólida das suas distracções, há sempre o soma, o delicioso soma"</b> <br /> <br /> in</i> Admirável mundo novo <br /><br /> Os feriados são uma parvoíce. Os passatempos também. No fundo um feriado é um passatempo coercivo, forçam-se as pessoas a não trabalhar, e por arrasto ninguém se diverte. Isto é, se o nosso divertimento depender de trabalho alheio, aí é que ficamos sem poder fazer nada. Não nos divertimos, não trabalhamos, nem temos soma. <br /> O ser humano gosta de ter o que os outros não têm. Regozija-se a pensar nos que estão a bulir no duro, enquanto ele está nas suas merecidas férias. O tempo que todos têm não vale nada.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-51219996788816965362007-12-25T00:04:00.000+00:002007-12-25T00:06:36.826+00:00Boas festas<embed src="http://www.youtube.com/v/_dnxHmvrrW0&rel=1" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="325" height="255"></embed>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-45427456034179338522007-12-13T01:07:00.000+00:002007-12-13T01:28:17.914+00:00O mercado da segurança<i>"That government is best which governs least"</i> Thomas Paine <br /><br /> Deixo umas achegas epigrafadas (tão a ver a classe...) com uma frase que assenta que nem uma luva neste caso. É preciso deixar o mercado da segurança funcionar à vontade, sem burocracias nem estatismos.<br /> Houve um monopólio conquistado por um senhor a quem o Correio da manhã chama <a href="http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=255667&idselect=9&idCanal=9&p=200">"um dos mais importantes empresários da noite portuense"</a> (sem mais considerações), que foi conseguído à custa de um investimento que se materializou em tacos, soqueiras e mão-de-obra especializada. <br /> O proveitoso retorno do take-over do cais conseguído à lei da escassez durou e durou...até que uma nova empresa decidiu entrar no mercado e furar o monopólio. Se o empreendedorismo, <i>per se</i>, já é de louvar, acresce que desta vez o mercado já vale mais, e em vez de tacos e soqueiras, temos armas automáticas. A mão-de-obra teve que evoluir, e se não acompanhou vai ser engolida pela concorrência. Parece ser isso o que se está a passar. <br /> Será que o Estado deve intervir neste mercado para proteger a segurança obsoleta e impedir o salutar desenvolvimento tecnológico?? Se a polícia conseguísse impedir este novo take-over, estaria a boicotar a livre iniciativa e a concorrência. Estaria a promover a obsolescência em detrimento da evolução.<br /><br /> <a href="http://www.rr.pt/InformacaoDetalhe.aspx?AreaId=11&SubAreaId=23&SubSubAreaId=53&ContentId=228929">«Não deixem os filhos saírem à noite porque não há segurança. Acabou a segurança na noite»</a> dizem os familiares dos seguranças obsoletos.<br /><br /> É mentira. A insegurança só vai aumentar durante o período deste novo take-over. Depois ela vai diminuir drasticamente, e se calhar até para níveis inferiores aos anteriores, quando um dos grupos, o que tiver melhor pontaria, eliminar o outro e provar em concorrência que é capaz de prestar um melhor serviço em virtude das suas competências na área da associação mafiosa e <i>tactical shooting</i>. Como disse Alípio Ribeiro: <a href="http://www.rr.pt/InformacaoDetalhe.aspx?AreaId=11&SubAreaId=23&SubSubAreaId=53&ContentId=228929">"vai parar. Tenho a certeza disso"</a>. E depois de parar o mercado terá escolhido o melhor grupo para fazer a segurança.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-66813357727017622782007-12-11T12:11:00.000+00:002008-12-11T01:09:03.562+00:00Na blogosfera<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPopv_K85ZOCHH7YWt8EzE1yF7O63duaJBrfNY288xXWkkSp0lT1XQiUGliLLXMU_xP9h8M_xb9uksiBv7yH3soqWGprhs95wZKpsL7DorvqJYnKykMuBAbCaCYkB2995uBIJl_9l61KR3/s200/liberal_conservative_confused.jpg"/><br /><br /><br /> Será que o liberalismo compreende qualquer coisa desde não meta o Estado ao barulho? <br /> <img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZj58NTR1v1BvE4zHXSdhAbmKCaYDpmgIm7NDNrNq3KRZz7SsXK9bXtfXAJotJ2VtScrM-mTtEN4kJQZba1zbZ_QNfyGlcCd2_-irU1CLX0Mmivfgpp-1Lxk2EA5hpbAXMPkL7y1r0oCXH/s200/icon_study.JPG "> <a href="http://kontratempos.blogspot.com/2007/12/poltica-moral-e-liberdade.html">política, moral e liberdade</a>, <i>Kontratempos</i><br /><br /> É preciso jogar com as premissas do adversário, segundo as quais só o Estado é que é uma força coactora da liberdade individual, ignorando as outras relações de poder.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-90104856626108796262007-12-10T05:52:00.000+00:002007-12-10T06:02:31.661+00:00Filosofia ExperimentalA Filosofia decidiu deixar o Cadeirão e sair à rua. A Filosofia Experimental, x-phi como alguns lhe chamam, desafia a forma como a filosofia é produzida: a partir do cadeirão, muitas vezes desligada das necessidades e daquilo que realmente preocupa os indivíduos. A Filosofia Experimental deseja conhecer se o pensamento dos filósofos se encontra, essencialmente, em sintonia com o pensamento dos restantes indivíduos.<br /><br />A ler <a href="http://www.nytimes.com/2007/12/09/magazine/09wwln-idealab-t.html?_r=2&ref=magazine&oref=slogin&oref=slogin">aqui (New York Times)</a><br /><br />Blog <a href="http://experimentalphilosophy.typepad.com/">Experimental Philosophy</a>Flávio Santoshttp://www.blogger.com/profile/11697422687181565903noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-66073304224710497042007-12-10T03:07:00.000+00:002008-12-11T01:09:03.676+00:00Orweliano<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb6ms5-KhBxdKEm5fWwadeJWlHHQYSsaPhcBBhrUyzkFfGsddUzkwlvkCvOWW_5litcnm6zduGB43M868bFlBCS2RclQ3NBxRF1AVsAth5tMND_uwrFa-p1Mhzswg1ArdBrOtBiWInB8iQ/s200/warning_patriot_act.jpg"/><br /> <i>"<b>ADVERTÊNCIA</b><br /> Embora a Biblioteca de Santa Cruz faça todos os esforços para proteger a sua privacidade, sob a Lei Pública Federal 107-56, USA PATRIOT ACT, os registos dos livros e de outros materiais emprestados por esta biblioteca podem ser obtidos por agentes federais."</i> <br /><br /> Lembram-se disto? <br /><br /><a href="http://www.newstarget.com/022342.html"> U.S. Government Subpoenaed Amazon.com to Obtain Book Purchasing Records</a>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-76577402426916829962007-12-09T14:24:00.000+00:002008-12-11T01:09:03.683+00:00Na blogosfera<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZj58NTR1v1BvE4zHXSdhAbmKCaYDpmgIm7NDNrNq3KRZz7SsXK9bXtfXAJotJ2VtScrM-mTtEN4kJQZba1zbZ_QNfyGlcCd2_-irU1CLX0Mmivfgpp-1Lxk2EA5hpbAXMPkL7y1r0oCXH/s200/icon_study.JPG"/> <a href="http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/search?q=As+li%C3%A7%C3%B5es+de+Chang+">As lições de Chang</a>, <i>in</i> ladrões de bicicletas.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-60002967456989393142007-12-08T02:40:00.000+00:002007-12-08T03:10:10.010+00:00Religião e racismo<a href="http://portugal4ronpaul.blogspot.com/2007/12/ron-paul-defende-romney.html">Ron Paul foi infantil e respondeu ao lado</a>. <br /> O que está em causa não é a fé de Romney, mas a sua pertença a uma organização que foi racista até 1978. <br /><span id="fullpost"><br />O racismo desta organização está presente no <a href="http://i4m.com/think/history/mormon_racism.htm">livro de mórmon</a>, traduzido das placas de ouro que Joseph Smith recebeu dos estafetas alados que o divino emprega para estas coisas, e em citações do segundo presidente do conselho dos doze (autoridade na igreja), Brigham Young. Um senhor que decide aprofundar os textos divinos:<br /> <br /> <i>"Shall I tell you the law of God in regard to the African race? If the white man who belongs to the chosen seed mixes his blood with the seed of Cain, the penalty, under the law of God, is death on the spot. This will always be so.<br /><br />(...)<br /> <br />You see some classes of the human family that are black, uncouth, uncomely, disagreeable and low in their habits, wild, and seemingly deprived of nearly all the blessings of the intelligence that is generally bestowed upon mankind....Cain slew his brother. Cain might have been killed, and that would have put a termination to that line of human beings. This was not to be, and the Lord put a mark upon him, which is the flat nose and black skin.<br /><br />(...) <br /><br />If the Government of the United States, in Congress assembled, had the right to pass an anti-polygamy bill, they had also the right to pass a law that slaves should not be abused as they have been; they had also a right to make a law that negroes should be used like human beings, and not worse than dumb brutes. For their abuse of that race, the whites will be cursed, unless they repent"</i><br /> <br /> <b>Christopher Hitchens explica</b><br /><br /> <embed src="http://www.youtube.com/v/XembEIGAXVk&rel=1" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="400" height="330"></embed> <br /></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-15010232556111574482007-12-08T02:01:00.000+00:002007-12-08T02:47:32.641+00:00A saga chega ao TCP/IP<a href="http://www.atlantico-online.net/blogue/2007/12/07/da-arte-do-insulto/#comment-24518">A polémica chegou ao TCP/IP</a>. Fazer traceroutes geográficos é moda, associada à iliteracia informática e à ignorância sobre protocolos como o TCP/IP e DNS. Afirmar com certeza inabalável que um IP é de Queluz ou Carnaxide releva desconhecimento sobre a política de alocação de IP ranges. A comparação de um IP range contra uma base de dados constituída por países e localizações de acordo com a política de atribuição de IP's do ISP, ou a determinação da latitude e longitude através de heurística avançada é tudo menos uma <span style="font-style: italic;">ciência exacta</span>.Flávio Santoshttp://www.blogger.com/profile/11697422687181565903noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-59990063963616557392007-12-07T21:13:00.000+00:002007-12-07T21:15:43.664+00:00Paradoxo da Omnipotência<span class="postbody">Na Filosofia da Religião ocidental, o teísmo consagra tradicionalmente um conjunto de características essenciais à entidade divina. Uma delas é a omnipotência, ou a capacidade de efectuar qualquer acção sem qualquer género de restrição.<br /><br />Mas esta característica divina cria alguns problemas de cariz filosófico. Vejamos: se um ser pode efectuar uma acção (X), então também pode limitar a sua própria capacidade de efectuar tal acção (X). Logo, não pode efectuar qualquer acção sem restrição. Por outro lado, se um ser omnisciente não puder limitar as suas próprias acções(Y), então existe uma acção que o ser não pode praticar: Y. Se assim for, não pode lhe pode ser atribuída a omnipotência.<br /><br />Este paradoxo pode ser formulado de forma mais concreta, através do <span style="font-style: italic;">paradoxo da pedra</span>:<br /><br />"Poderia um ser omnipotente criar uma pedra tão pesada que nem mesmo esse ser a pudesse levantar? Se assim for, parece que esse ser deixaria de ser omnipotente. Se não puder criar uma pedra tão pesada que nem ele mesmo a possa levantar, nunca foi omnipotente."<br /><br />Formalizando:<br /><br />(1) Deus pode/não pode criar uma pedra que seja tão pesada que nem ele a possa levantar.<br />(2) Se Deus puder criar uma pedra tão pesada que nem ele a possa levantar, então Deus não é omnipotente.<br />(3) Se Deus não puder criar uma pedra tão pesada que nem ele a possa levantar, enão deus não é omnipotente.<br /><br />Logo:<br />(4) Deus não é omnipotente.<br /><br />Mas podemos levar este argumento mais longe. Se definirmos a omnipotência como uma das características essenciais inerentes a Deus (ou seja, uma característica sem a qual um ser não possa ser denominado Deus) e se aceitarmos a conclusão inferida em 4:<br /><br />(5) Se Deus existe, é omnipotente<br />(6) Segue de (4) e (5) que Deus não existe. </span>Flávio Santoshttp://www.blogger.com/profile/11697422687181565903noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-67210028304191756152007-12-06T00:11:00.000+00:002007-12-07T21:02:27.354+00:00"Quis custodiet ipsos custodes?" Parte II<p>Concluímos o ultimo artigo com o argumento devastador de Platão contra a Democracia. Mas não existirá pontos menos consistentes no argumento do filósofo, a partir dos quais possamos ripostar?</p> <p>O sistema dos guardiões é, supostamente, uma ditadura. Uma ditadura benevolente, mas ainda assim, de caractér ditatorial. Apesar de os Guardiões que Sócrates propõe não serem os tiranos sedentos de poder que vimos surgir em vários pontos da nossa história, e colhem os frutos de uma educação rica e rigorosa, não serão, acima de tudo, humanos?</p><br /><span id="fullpost"><br /><p>Um dos problemas que mais afecta os indivíduos que se ocupam da governação é a susceptibilidade à corrupção. É uma das pragas políticas que sempre afectou as sociedades humanas: um ou mais indivíduos, em posições privilegiadas, que exploram a sua posição de modo a retirar benefícios pessoais, e que acabam por alterar as motivações do individuo, por mais intrépidas que estas sejam no momento em que chega ao gabinete.</p> <p>Platão não deixou que tal possibilidade escapasse ao seu escrutínio. Aos Guardiões, não lhes será permitido que possuam dinheiro ou casas, ou qualquer tipo de propriedade privada. Viverão comunalmente em instalações simples e espartanas, na verdadeira acepção da palavra. A sua remuneração será a comida que consomem. Desta forma, seguindo da sua educação e condições que se encontram impostas, o Rei-Filósofo nunca poderá incorrer em situações de corrupção, pois todos os focos donde tal comportamento possa nascer encontram-se fora de alcance.</p> <p>Poderemos então colocar uma questão pertinente: Se a vida do Rei-Filósofo é tão despojada de riquezas, ou pior, de qualquer possessão material, o que nos leva a pensar que quereria governar? Podemos retirar de secções anteriores deste artigo uma justificação, que se baseia no facto de o Guardião ser um filósofo, um homem (na verdade, nunca existiu qualquer menção a mulheres, o que nos leva a excluir Rainhas-Filósofas!) dedicado ao conhecimento e à reflexão, que não ambiciona qualquer bem material.</p> <p>Mas, se assim é, porque irão atribuir parcelas do seu tempo à complexa arte de governar? Platão responde que os Guardiões (possuindo a <em>sophia</em>) não governarão apenas porque foram preparados para tal, ou porque a função possui vantagens intrínsecas ao seu exercício, mas porque se não o fizerem, a cidade não irá ser bem governada e poderá sucumbir ao declínio económico, guerra civil, entre outros problemas. Os Guardiões não verão a governação enquanto algo aprazível, mas enquanto algo necessário.</p> <p>Certamente que, ainda assim, o Rei-Filósofo poderia ser, no fundo, um homem sem escrúpulos e aproveitar as potencialidades da sua posição para alterar as leis fundamentais (incluindo as que interditam a posse de propriedade). E quem o poderia impedir? Talvez possamos afirmar que os Auxiliares e o povo se unissem contra o reino tirânico. Ou talvez não, e os mesmos poderiam aproveitar para tirar partido do novo paradigma político, reforçado a autoridade tirânica do Rei-Filósofo. Podemos também supôr que o povo nunca aceitará o governo do Rei-Filósofo. Mas será que o povo poderá governar melhor, não sendo especializado e competente na arte de governar? Afinal, é este o argumento que está na base da analogia das profissões e que sustenta os argumentos de Platão. São possibilidades inquietantes, que apesar de tudo, não constituiem argumentos dignos para que possamos alinhar contra o filósofo.</p> <p>A questão que poderá causar algum incómodo a Platão é de natureza epistemológica. Todo o conhecimento, seja ele de que natureza for, é falível. Não existem médicos ou arquitectos que não se enganem (com consequências graves!), e seguinto esta linha de raciocínio, poderiam os Guardiões adquirir conhecimento que sustentasse a sua posição enquanto elementos necessários? Platão afirma que os Guardiões possuem a virtude do conhecimento (sophia). Mas poderá o conhecimento ideal ser adquirido?</p> <p>Certamente que não. Os Guardiões são seres humanos, e todos os seres humanos estão sujeitos a errar, em algum ponto da sua existência. Certamente que um engenheiro poderá cometer um erro ao desenhar uma ponte, com consequências catastróficas. Mas não se segue que o engenheiro seja incompetente. Cometeu um erro, mas possui a competência necessária para desempenhar as suas funções melhor que um amador que não conhece os preceitos e intricâncias inerentes à construção de uma ponte. Se não confiarmos no engenheiro, admitindo a possibilidade deste se poder enganar, poderemos confiar na populaça que possui menos competência na área, e logo, estará sujeita a enganar-se mais frequentemente? Tenho a certeza que o leitor não quereria atravessar uma grande ponte cujos materiais e quantidades fossem decididos através do sufrágio aos moradores da sua rua. Nem toda a gente possui o mesmo nível de competência - ou ausência dela - em todos os ramos do saber, tal como nos recorda Jonathan Wolff [1] Um argumento desta natureza levar-nos-ia a concluir que não existem profissões (pois apesar de não existirem humanos infalíveis, nenhum humano poderá ser um engenheiro químico competente se carecer de formação adequada).</p> <p>Poderíamos ainda afirmar que não existe um corpo de conhecimentos específico da governação, e que apesar de um médico necessitar de formação adequada para exercer a sua função, não se passa o mesmo com o governante. [2] Mas também esta afirmação é pouco credível: <em>“Os governantes actuais precisam de possuir um conhecimento bastante subtil de economia, psicologia, e motivação humana. Precisam de ter (embora nem sempre tenham) grande inteligência, uma enorme capacidade de trabalho, excelente memória, uma capacidade extraordinária de lidar com o pormenor e habilidade nas relações com outras pessoas”</em> Jonathan Wolff, <em>Introdução à Filosofia Política.</em></p> <p>Parte desta descrição bastante razoável de Wolff que governar pode ser interpretado, de facto, como uma profissão de contornos bastante complexos. O bom governante deverá possuir, sem sombra de dúvida, os atributos supracitados. Mais uma vez, o argumento é insuficiente para afastar Platão.</p> <p>Mas existe uma objecção que poderemos manter com algum sucesso. Não se encontraria o Rei-Filósofo, na sua contemplação filosófica e nas suas tarefas de administração da polis, privado da observação da realidade política? Não se encontraria o Rei-Filósofo privado do conhecimento real do estado da cidade, estando assim longe da obtenção das credenciais que legitimam um regime político?</p> <p>Fica a questão, que a terceira parte do artigo tentará resolver.</p> <p>[1][2] Jonathan Wolff, <em>Introdução à Filosofia Política</em></p></span>Flávio Santoshttp://www.blogger.com/profile/11697422687181565903noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-36492319825750438492007-12-03T01:19:00.000+00:002007-12-07T21:06:37.590+00:00"Qui custodiet ipsos custodes?" Parte I<p><em>“Qui custodiet ipsos custodes?</em>“, é a frase latina para ‘Quem guardará os guardiões?’</p> <p>Os leitores que já tiverem tido o prazer de folhear a extensa obra filosófica de Platão reconhecerão a questão enquanto uma das maiores objecções ao governo dos ‘Reis Filósofos’, déspotas iluminados e benevolentes cujo único propósito é governar desinteressadamente em prol da comunidade.</p> <p>Para os leitores que nunca o fizeram, irei proceder neste artigo à exposição do argumento de Platão contra a Democracia, apresentando os seus argumentos e contrapondo a partir de vários pontos de vista.</p><span id="fullpost"> <p><span id="more-11"></span></p> <p align="center"> </p> <p align="center"> </p> <p align="center"><strong>Platão argumenta contra a Democracia</strong></p> <p><em>Imagina, pois, que acontece uma coisa deste género, ou em vários navios ou num só: o capitão, superior em tamanho e em força a todos os que se encontram na embarcação, mas um tanto surdo e com a vista a condizer, e conhecimentos náuticos da mesma extensão; os marinheiros em luta uns contra os outros, por causa do leme, entendendo cada um deles que deve ser o piloto, sem ter jamais aprendido a arte de navegar nem poder indicar o nome do mestre nem a data do seu aprendizado, e ainda por cima asseverando que não é arte que se aprenda, e estando prontos a reduzir a bocados quem declarar sequer que se pode aprender; estão sempre a assediar o capitão, a pedir-lhe o leme e a fazer tudo para que este lhes seja entregue; algumas vezes, se não são eles que o convencem, mas sim outros, matam-nos, a esses, ou atiram-nos pela borda fora; reduzem à impotência o honesto capitão com drogas, a embriaguez ou qualquer outro meio; tomam conta do navio, apoderam-se da sua carga, bebem e regalam-se a comer, navegando como é natural que o faça gente dessa espécie; ainda por cima, elogiam e chamam marinheiros, pilotos e peritos na arte de navegar a quem tiver a habilidade de os ajudar a obter o comando, persuadindo ou forçando o capitão; a quem assim não fizer, apodam-no de inútil, e nem sequer percebem que o verdadeiro piloto precisa de se preocupar com o ano, as estações, o céu, os astros, os ventos e tudo o que diz respeito à sua arte, se quer de facto ser comandante do navio, a fim de o governar, quer alguns o queiram quer não — pois julgam que não é possível aprender essa arte e estudo, e ao mesmo tempo a de comandar uma nau. Quando se originam tais acontecimentos nos navios, não te parece que o verdadeiro piloto será apodado de palrador, lunático e inútil pelos navegantes de embarcações assim aparelhadas?</em></p> <p align="right">Platão, <em>A República, </em>pp. 275-276</p> <p align="left"> </p> <p align="left"> </p> <p align="left"> </p> <p align="left">A oposição de Platão à democracia começa pelo insulto à democracia: A democracia é o governo do <em>demos</em>, ou seja, do povo, do vulgo, das pessoas que não possuem qualquer experiência governativa. Mas este insulto, por si, não vale. É apenas a abertura para alguns dos argumentos mais poderosos formulados pelo filósofo ateniense.</p> <p align="left">Um dos mais poderosos argumentos de Platão é a <em>analogia das profissões.</em> O argumento é bastante intuitivo, de fácil compreensão, e toma a seguinte forma: Imagine o leitor que é atingido por uma doença, ou que decide construir uma nova casa. Certamente que nestes casos, consultaria os especialistas que receberam formação nessas áreas, ou seja, o médico e o arquitecto/engenheiro. O que seria da nossa saúde ou da integridade estrutural do nosso edifício se reúnissemos os habitantes da nossa rua e pedissemos que votassem sobre o medicamento que deveríamos administrar ou sobre intrincados detalhes estruturais da nossa futura casa? O leitor irá certamente concordar que tal método é potencialmente desastroso.</p> <p align="left">Segundo Platão, o mesmo se aplica ao Estado. Para tomar decisões políticas, é necessário um grau de competência apenas adquirido através da especialização na área. Inquirir junto do povo sobre assuntos da mais elevada importância para a saúde e integridade do Estado poderá ser comparado a navegar em alto mar ignorando as palavras e competência daqueles que se formaram enquanto capitães. O Estado, tal como um navio desgovernado, irá sulcar os mares sem destino e à deriva, até que a inexperiência destrua os pseudo-marinheiros e o navio.</p> <p align="left">Se o povo não é competente para tomar decisões políticas, onde encontraremos estes indivíduos que possuem mestria nos delicados assuntos do Estado?</p> <p><em>“<strong>Até que os filósofos sejam reis, ou que os reis e príncipes deste mundo tenham o espírito e a capacidade da filosofia e que a grandeza política e a sabedoria se combinem</strong>, e que as naturezas mais comuns se dediquem a uma destas sem descuidar da outra , as cidades nunca terão tréguas em seus males, nem a raça humana, conforme creio - e só então terá este nosso Estado uma possibilidade de vida e de contemplar a luz do dia”</em>. [1]<em> </em></p> <p>Platão aponta os ‘Reis Filósofos’ enquanto governantes ideias do Estado. Mas um rei filósofo é submetido a uma educação rigorosa e prolongada, em que a filosofia é apenas um assunto abordado numa fase mais madura.</p> <p><em>“A formaçãfo filosófica, afirma Platão, é uma qualificação necessária para governar. Com tornar-se filósofo, Platão não quer dizer que basta passar uns anos a ler e a pensar acerca da filosofia.”</em> Jonathan Wolf, <em>Introdução à Filosofia Política</em></p> <p>Com efeito, Platão descreve a formação dos reis filósofos, compreendendo uma educação generalista até aos dezoito anos, altura em que o formando será submetido a dois anos de rigoroso treino físico. Os que se destacarem nestas áreas, receberão uma formação matemática rica e rigorosa. Seguem-se cinco anos de treino na área da dialética e quinze anos de aprendizagem relacionada com a gestão da polis. A filosofia será abordada por volta dos trinta anos, com vários interregnos. Só no final desta extensiva formação, será <em>“(…)permitido dedicarem-se permanentemente à filosofia(…)”</em> [2]</p> <p>Por fim, o governante da polis será escolhido desta classe de Guardiões. Os restantes serão <strong>Auxiliares</strong>, assumindo papéis sobretudo na área militar. A sociedade platónica divide-se então em:</p> <p><strong>Governante(s) </strong>(os Guardiões, Reis Filósofos)<br /><strong>Combatentes </strong>(os Auxiliares)<br /><strong>Trabalhadores</strong> (os restantes membros da sociedade)</p> <p>Normalmente, os indivíduos permanecem na classe em que nascem.</p> <p>Mas divagamos. A organização social da sociedade platónica será discutida em artigos posteriores. Iremos focar-nos na objecção de Platão à democracia.</p> <p>Verificamos assim que para Platão, de acordo com a analogia das profissões, defende que tal como na medicina e na arquitectura, a prática política deve ser desempenhada por indivíduos competentes. A medicina e a arquitectura deve ser deixada a indivíduos que se destacaram por serem os candidatos mais aptos ao exercício das suas funções, e da mesma forma, também o governo, pela importância e complexidade óbvias que possui (comparável à medicina ou arquitectura, se não mais complexo ainda, e tal facto é inegável) deve ser deixado aos especialistas.</p> <p>Será legítimo entregar as decisões políticas (na época de Platão, o regime vigente era a Democracia Directa. Embora o mesmo principio se possa aplicar à Democracia Representativa, na medida em que os cidadãos são convocados a escolher os seus governantes.) à populaça, que não é, na sua generalidade, especializada na intricada arte de governar? Jonathan Wolff refere, na sua <em>Introdução à Filosofia Política</em>:</p> <p><em>“À primeira vista, o argumento de Platão contra a democracia parece devastador. Se governar é uma arte, e uma arte apenas dominada por poucos, então a democracia parece obviamente absura e irracional. O defensor da democracia tem de encontrar uma resposta para a analogia das profissões. Mas terá esta algum ponto fraco?”</em></p> <p>Exploraremos os contrargumentos que são possíveis formular contra a posição de Platão no próximo artigo.</p> <p>[1] Platão, <em>A República</em><br />[2] Jonathan Wolff, <em>Introdução à Filosofia Política</em></p></span>Flávio Santoshttp://www.blogger.com/profile/11697422687181565903noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-68152569773205075832007-12-01T22:29:00.000+00:002008-12-11T01:09:04.155+00:00esquentamento global<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIFKoGhfsLMm-uc1H7Y_wUa6ui6Z7m2l796YHB1giL35jVndcNjvq_Ff58NjPEU7C0xVRfEnn2MIVWqlHLbL1ys8X9o7a4kb9A7hbQU936RIgvbuIp5_uYm4pInCX9HDeYxhb4HzevMP5U/s200/aquecimento.jpg"/><br /><br /> (via <a href="http://www.oinsurgente.org/2007/11/30/arrefecimento-total/">insurgente</a>) <br /><br /> Os negacionistas reconhecem que as suas limitações não se ficam pela distorção da ciência.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-4127816061724536502007-11-30T13:00:00.000+00:002008-12-11T01:09:04.327+00:00Deus não é grande<a href="http://www.dquixote.pt/Livre/Ficha.aspx?id=1954"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhytKU7QOSYr0ncMeVI96AFC6WzTgayIw4h0tCKlCEa1u6f30g1F2vU0q61zFJm8ItOpwu3qkhZiBob-1qejzj9YrpCSSj-OPE0oq6eSz1lAyZvgGJ4K78OgaLJv4cW9yxJXqps421Cbohx/s200/deus_n%C3%A3o_%C3%A9_grande_Christopher_Hitchens.jpg"/><br /></a><br /><br /> (via <a href="http://www.atlantico-online.net/blogue/2007/11/30/acabadinhos-de-chegar/">atlântico</a>)Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-10493856378593165512007-11-28T23:47:00.000+00:002007-11-29T00:43:17.665+00:00The devil you knowReparei que muitos dos sites donde retiro informação, declaram às claras o seu apoio a <a href="www.ronpaul2008.com">Ron Paul</a>. Só a título de exemplo: <a href="http://www.cremationofcare.com/">cremation of care</a>; <a href="http://www.freemarketnews.com/">free-market news</a>; <a href="http://www.libertythink.com/">liberty think</a>; <a href="http://www.prisonplanet.com/">prison planet</a> e o <a href="http://www.raidersnewsupdate.com/">raiders news network</a>. <br /> Eu não gosto do candidato e continuo a gostar dos portais. É algo que também se faz nos grandes meios de comunicação e que se devia começar por cá. A certeza da parcialidade é sempre preferível a qualquer tentativa de imparcialidade, que por aquilo que implica, é sempre uma incerteza.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3549912091459164739.post-75374831977403186312007-11-28T22:30:00.000+00:002008-12-11T01:09:04.670+00:00Corrente blogosféricaO <a href="http://admiravelmundonovo-1984.blogspot.com/2007/11/corrente-blogosfrica.html">Flávio</a> decidiu meter-me novamente em trabalhos. Desta vez tenho que estar a ler um livro com 161 páginas <img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhubd0WocaM_w7cuTfU0WRs1E4qFJ4-hfeThY035u1h77pu-3ZSoFLRs2vjTa8m731PH-UwBxSPnO0ANcdXachtIm35YXOJZZSJxvpENGyedFCmoPeqdGq-hEqwS7VyITQOyYRy9BPMo3Dz/s200/check_mark.jpg" width="20" height="20"/> e transcrever a 5ª frase. Decidi que vale a pena deixar um pouco mais do que uma frase:<br /><br /> <i>"A todos quantos importar saber informamos de que Lázaro da Costa jamais se indignificou pelo exercício do ofício de talhador de reses, e de que tão-só praticou, conforme se tornaria de nosso indiscutível conhecimento, no contrato de partidas de gado que vendia aos talhos, o que não será de molde a reputá-lo de mecânico que haja desempenhado actividade inconciliável com o título que lhe cabe, de cavaleiro da Ordem de Santiago, herdado de resto de seu pai, Martinho Machado Pinto, o qual o reconheceu como prémio concedido por El-rei Dom Pedro, nosso Senhor, em recompensa pelos feitos lavrados pelo seu progenitor, Domingos Rodrigues Pinto, aquando das guerras travadas contra os nossos inimigos, e designadamente em paga da valorosa defesa de Vila de Rei, na qual desbaratou os que a acometiam, salvando as populações portuguesas das atrocidades das tropas espanholas."</i> <br /> <br /> Camilo Broca de Mário Cláudio<br /><br /> <img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfhnm0e5xaeatvLPUUJw6UmBtoZH9WnIkeEbl29e0DJaq-5ETSycz6r7yYQAa9Tnb-yqN4iwunBIA7Ctj0HbDh6L-lBez1tXtTKnSQuy2MzFJHPRRDBSsLcYVb_cbcTrsMdfJtqY1UxkNe/s200/Camilo_Broca_M%C3%A1rio_Claudio.jpeg"/>Unknownnoreply@blogger.com0