Paradoxo da Omnipotência
Na Filosofia da Religião ocidental, o teísmo consagra tradicionalmente um conjunto de características essenciais à entidade divina. Uma delas é a omnipotência, ou a capacidade de efectuar qualquer acção sem qualquer género de restrição.
Mas esta característica divina cria alguns problemas de cariz filosófico. Vejamos: se um ser pode efectuar uma acção (X), então também pode limitar a sua própria capacidade de efectuar tal acção (X). Logo, não pode efectuar qualquer acção sem restrição. Por outro lado, se um ser omnisciente não puder limitar as suas próprias acções(Y), então existe uma acção que o ser não pode praticar: Y. Se assim for, não pode lhe pode ser atribuída a omnipotência.
Este paradoxo pode ser formulado de forma mais concreta, através do paradoxo da pedra:
"Poderia um ser omnipotente criar uma pedra tão pesada que nem mesmo esse ser a pudesse levantar? Se assim for, parece que esse ser deixaria de ser omnipotente. Se não puder criar uma pedra tão pesada que nem ele mesmo a possa levantar, nunca foi omnipotente."
Formalizando:
(1) Deus pode/não pode criar uma pedra que seja tão pesada que nem ele a possa levantar.
(2) Se Deus puder criar uma pedra tão pesada que nem ele a possa levantar, então Deus não é omnipotente.
(3) Se Deus não puder criar uma pedra tão pesada que nem ele a possa levantar, enão deus não é omnipotente.
Logo:
(4) Deus não é omnipotente.
Mas podemos levar este argumento mais longe. Se definirmos a omnipotência como uma das características essenciais inerentes a Deus (ou seja, uma característica sem a qual um ser não possa ser denominado Deus) e se aceitarmos a conclusão inferida em 4:
(5) Se Deus existe, é omnipotente
(6) Segue de (4) e (5) que Deus não existe.
1 comentário:
E quem formulou pela primeira vez esse paradoxo? Provavelmente o seu sangue corre-nos nas veias! Num nadir da historia ocidental, a mente de Averrois iluminava a escuridao. Quando Al Andaluz era o centro intelectual do Mundo.
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