sábado, 22 de março de 2008

O ateísmo agnóstico e a domesticação das religiões

Da caixa de comentários do fiel inimigo, vale a pena compendiar esta discussão para desmontar os preconceitos que repousam nas alminhas mais conservadoras. Tem a ver com questões que o eco deixado pela religião numa certa direita dogmática, não deixou que se desenvolvessem fora dos trilhos da esquerda, por medo de serem apanhados e culpados por associação. O facto de se ter levantado novamente esta questão, prova isso mesmo.



O ateísmo agnóstico

O ateísmo e o agnosticismo respondem a questões diferentes, e por isso, não são mutuamente exclusivos.

(1) Deus existe?
(2) Acreditas em Deus?

O agnosticismo e o ateísmo, respondem a (1) e (2) respectivamente. O agnosticismo, como o definido por Huxley, é um método e não uma crença, que aceita que fiquem sem resposta as questões que nos transcendem. Esta é uma posição partilhada por muitos teístas, exactamente porque separam a crença do conhecimento, e não tomam uma pela outra. Uma crença não tem que ser demonstrada (teísmo), tal como a sua inexistência (ateísmo).
Se me perguntarem se eu acredito em Deus, eu direi que não. Serei um ateu, alguém que não tem a crença em entidades divinas. Não ter a crença numa entidade divina, não é a mesma coisa que ter a crença na inexistência de uma entidade divina (este é o busílis da questão). E por isso posso ser ateu (não ter crenças) e agnóstico (deixar sem resposta as dúvidas existenciais que sustentam as crenças dos outros). É exactamente isso o que me considero.

A domesticação das religiões

Convém começar por explicar que a domesticação das religiões e a redução da sua influência nos poderes públicos foi sempre feita por imposição da sociedade, e não por iniciativa da própria. É portanto a sociedade que domestica a igreja, e não a igreja que se domestica a ela própria.
Tanto assim é, que a mesma crença que aqui aparenta ser um "felino domesticado", no Rwanda ou no Uganda serve de encosto moral a exércitos genocidas, raptores e que utilizam crianças nas suas fileiras para a prossecução dos objectivos mais lunáticos.


(clicar na imagem para aprender mais...)

As sementes do ódio estão na bíblia. A submissão do ser humano aos superiores desígnios da escolástica. O abandono do pensamento racional.
A religião é uma poderosa arma que não pode cair nas mãos erradas. Aquilo que se foi fazendo na Europa resume-se a um longo e diplomático processo de alegorização dos disparates bíblicos, feita com complexas hermenêuticas e paciência de santo. A bíblia também condena à morte os judeus, os homossexuais, os infiéis, os ateus, os adúlteros e adúlteras. Hoje ninguém liga. Ao invés, um enorme número de muçulmanos ainda liga a estes disparates. É só esse trabalho de domesticação que têm que fazer.

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