domingo, 6 de janeiro de 2008

A laicidade é uma chatice

A Igreja Católica é uma filha que foi mimada pelo Estado. Nos dias de hoje, e apesar da madura idade que leva de comida na mesa, cama e roupa lavada, não se sente minimamente compelida a abandonar a alçada dos pais. Pior, reage mal quando se toca no tema.
"Vai lá à tua vida...", dizem os pais desnaturados (e irmãos emancipados), cansados do paternalismo de fachada. O infante pensa "Se o Estado já não me quer cá em casa, é porque não gosta de mim". A birrinha e os amuos aparecem. Acusam de "anticatólicos" ou "laicistas radicais" aqueles que querem ajudar a igreja a sair do defeso.
Vou dar-lhes um pouco de atenção.


"A desforra de Deus" de Esther Mucznik.

Como doutrina e como prática, a laicidade radical que considera a religião como um factor de atraso e obscurantismo a banir do espaço público

A noção de que a religião é um factor de atraso e obscurantismo não se encontra no conceito de laicidade ou laicismo, é apenas a mais descarada constatação da realidade. A noção de imparcialidade e a não discriminação, pela qual se impede que o Estado tenha qualquer poder religioso e as igrejas qualquer poder político, talvez esteja mais perto do alvo.

"Se não tiveres Deus", afirma T.S. Eliot, "terás de te prostrar perante Hitler ou Estaline." Certo ou errado, a verdade é que a religião tem sido frequentemente um fermento no combate às ditaduras políticas e militares

Certo ou errado, a verdade é que o cristianismo de Hitler não foi um factor que o impedisse de realizar a sua obra, pelo contrário, foi aliás em nome do Criador que o fez, como explica no Mein Kampf. Já Estaline herdou um povo crédulo e fácil de maniatar.



"O fanatismo da tolerância" de Vasco Pulido Valente

O Governo socialista de José Luis Zapatero resolveu suprimir o ensino religioso (...) E obviamente ninguém pede que se ponha fim a uma certa propaganda islâmica ou, se preferirem, de ensino corânico

Quem apenas dirige a vista, em leitura diagonal, não percebe que o que aqui está em causa é se o ENSINO PÚBLICO deve ou não discriminar positivamente uma dada confissão religiosa e se, no ENSINO PRIVADO, deve ou não haver o direito de leccionar qualquer religião, seja ela cristã ou muçulmana.
Se respondermos Não e Sim, respectivamente, às duas questões acima colocadas, ficaremos com uma noção de justiça um pouco diferente daquela que VPV quis passar, que é a de que se beneficia o Islão em detrimento do Catolicismo, quando a verdade é a de que se colocam as duas confissões ao mesmo nível.

Em Espanha, e na “Europa” inteira, ninguém se lembraria de criticar ou de inibir manifestações

Aqui os verbos criticar e inibir aparecem quase associados, num raciocínio que pode levar o leitor a pensar que o Governo de Zapatero inibiu uma manifestação, quando o que fez foi criticá-la. E isso mais não é do que um direito que lhe assiste.

7 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rouxinol disse...

posso saber porquê?

cumprimentos

Anónimo disse...

Porque elogia a Benedicto XVI, Sarkozy y Tony Blair.......

Rouxinol disse...

Bem visto =)

A laicidade positiva é aquela em que o Estado faz uma discriminação positiva com o dinheiro dos contribuintes.
Infelizmente o artigo 13º da nossa Constituição não deixa (ou não devia deixar) o Estado fazer isso: "Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de (...) religião".

Cumprimentos

Rui Martins disse...

A influência da Igreja hoje no Estado é infinitamente desproporcional à sua influência social! A sua hoste de crentes está em erosão acelerada e as igrejas (cada vez mais opulentas como a de Fátima) estarão vazias daqui a dez anos a este ritmo...

Anónimo disse...

Clavis, no exultes, no sabes lo que ocurrirá mañana.......

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.