terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Boas festas

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O mercado da segurança

"That government is best which governs least" Thomas Paine

Deixo umas achegas epigrafadas (tão a ver a classe...) com uma frase que assenta que nem uma luva neste caso. É preciso deixar o mercado da segurança funcionar à vontade, sem burocracias nem estatismos.
Houve um monopólio conquistado por um senhor a quem o Correio da manhã chama "um dos mais importantes empresários da noite portuense" (sem mais considerações), que foi conseguído à custa de um investimento que se materializou em tacos, soqueiras e mão-de-obra especializada.
O proveitoso retorno do take-over do cais conseguído à lei da escassez durou e durou...até que uma nova empresa decidiu entrar no mercado e furar o monopólio. Se o empreendedorismo, per se, já é de louvar, acresce que desta vez o mercado já vale mais, e em vez de tacos e soqueiras, temos armas automáticas. A mão-de-obra teve que evoluir, e se não acompanhou vai ser engolida pela concorrência. Parece ser isso o que se está a passar.
Será que o Estado deve intervir neste mercado para proteger a segurança obsoleta e impedir o salutar desenvolvimento tecnológico?? Se a polícia conseguísse impedir este novo take-over, estaria a boicotar a livre iniciativa e a concorrência. Estaria a promover a obsolescência em detrimento da evolução.

«Não deixem os filhos saírem à noite porque não há segurança. Acabou a segurança na noite» dizem os familiares dos seguranças obsoletos.

É mentira. A insegurança só vai aumentar durante o período deste novo take-over. Depois ela vai diminuir drasticamente, e se calhar até para níveis inferiores aos anteriores, quando um dos grupos, o que tiver melhor pontaria, eliminar o outro e provar em concorrência que é capaz de prestar um melhor serviço em virtude das suas competências na área da associação mafiosa e tactical shooting. Como disse Alípio Ribeiro: "vai parar. Tenho a certeza disso". E depois de parar o mercado terá escolhido o melhor grupo para fazer a segurança.

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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Na blogosfera




Será que o liberalismo compreende qualquer coisa desde não meta o Estado ao barulho?
política, moral e liberdade, Kontratempos

É preciso jogar com as premissas do adversário, segundo as quais só o Estado é que é uma força coactora da liberdade individual, ignorando as outras relações de poder.

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Filosofia Experimental

A Filosofia decidiu deixar o Cadeirão e sair à rua. A Filosofia Experimental, x-phi como alguns lhe chamam, desafia a forma como a filosofia é produzida: a partir do cadeirão, muitas vezes desligada das necessidades e daquilo que realmente preocupa os indivíduos. A Filosofia Experimental deseja conhecer se o pensamento dos filósofos se encontra, essencialmente, em sintonia com o pensamento dos restantes indivíduos.

A ler aqui (New York Times)

Blog Experimental Philosophy

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Orweliano


"ADVERTÊNCIA
Embora a Biblioteca de Santa Cruz faça todos os esforços para proteger a sua privacidade, sob a Lei Pública Federal 107-56, USA PATRIOT ACT, os registos dos livros e de outros materiais emprestados por esta biblioteca podem ser obtidos por agentes federais."


Lembram-se disto?

U.S. Government Subpoenaed Amazon.com to Obtain Book Purchasing Records

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domingo, 9 de dezembro de 2007

Na blogosfera

As lições de Chang, in ladrões de bicicletas.

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sábado, 8 de dezembro de 2007

Religião e racismo

Ron Paul foi infantil e respondeu ao lado.
O que está em causa não é a fé de Romney, mas a sua pertença a uma organização que foi racista até 1978.

O racismo desta organização está presente no livro de mórmon, traduzido das placas de ouro que Joseph Smith recebeu dos estafetas alados que o divino emprega para estas coisas, e em citações do segundo presidente do conselho dos doze (autoridade na igreja), Brigham Young. Um senhor que decide aprofundar os textos divinos:

"Shall I tell you the law of God in regard to the African race? If the white man who belongs to the chosen seed mixes his blood with the seed of Cain, the penalty, under the law of God, is death on the spot. This will always be so.

(...)

You see some classes of the human family that are black, uncouth, uncomely, disagreeable and low in their habits, wild, and seemingly deprived of nearly all the blessings of the intelligence that is generally bestowed upon mankind....Cain slew his brother. Cain might have been killed, and that would have put a termination to that line of human beings. This was not to be, and the Lord put a mark upon him, which is the flat nose and black skin.

(...)

If the Government of the United States, in Congress assembled, had the right to pass an anti-polygamy bill, they had also the right to pass a law that slaves should not be abused as they have been; they had also a right to make a law that negroes should be used like human beings, and not worse than dumb brutes. For their abuse of that race, the whites will be cursed, unless they repent"


Christopher Hitchens explica


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A saga chega ao TCP/IP

A polémica chegou ao TCP/IP. Fazer traceroutes geográficos é moda, associada à iliteracia informática e à ignorância sobre protocolos como o TCP/IP e DNS. Afirmar com certeza inabalável que um IP é de Queluz ou Carnaxide releva desconhecimento sobre a política de alocação de IP ranges. A comparação de um IP range contra uma base de dados constituída por países e localizações de acordo com a política de atribuição de IP's do ISP, ou a determinação da latitude e longitude através de heurística avançada é tudo menos uma ciência exacta.

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sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Paradoxo da Omnipotência

Na Filosofia da Religião ocidental, o teísmo consagra tradicionalmente um conjunto de características essenciais à entidade divina. Uma delas é a omnipotência, ou a capacidade de efectuar qualquer acção sem qualquer género de restrição.

Mas esta característica divina cria alguns problemas de cariz filosófico. Vejamos: se um ser pode efectuar uma acção (X), então também pode limitar a sua própria capacidade de efectuar tal acção (X). Logo, não pode efectuar qualquer acção sem restrição. Por outro lado, se um ser omnisciente não puder limitar as suas próprias acções(Y), então existe uma acção que o ser não pode praticar: Y. Se assim for, não pode lhe pode ser atribuída a omnipotência.

Este paradoxo pode ser formulado de forma mais concreta, através do paradoxo da pedra:

"Poderia um ser omnipotente criar uma pedra tão pesada que nem mesmo esse ser a pudesse levantar? Se assim for, parece que esse ser deixaria de ser omnipotente. Se não puder criar uma pedra tão pesada que nem ele mesmo a possa levantar, nunca foi omnipotente."

Formalizando:

(1) Deus pode/não pode criar uma pedra que seja tão pesada que nem ele a possa levantar.
(2) Se Deus puder criar uma pedra tão pesada que nem ele a possa levantar, então Deus não é omnipotente.
(3) Se Deus não puder criar uma pedra tão pesada que nem ele a possa levantar, enão deus não é omnipotente.

Logo:
(4) Deus não é omnipotente.

Mas podemos levar este argumento mais longe. Se definirmos a omnipotência como uma das características essenciais inerentes a Deus (ou seja, uma característica sem a qual um ser não possa ser denominado Deus) e se aceitarmos a conclusão inferida em 4:

(5) Se Deus existe, é omnipotente
(6) Segue de (4) e (5) que Deus não existe.

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

"Quis custodiet ipsos custodes?" Parte II

Concluímos o ultimo artigo com o argumento devastador de Platão contra a Democracia. Mas não existirá pontos menos consistentes no argumento do filósofo, a partir dos quais possamos ripostar?

O sistema dos guardiões é, supostamente, uma ditadura. Uma ditadura benevolente, mas ainda assim, de caractér ditatorial. Apesar de os Guardiões que Sócrates propõe não serem os tiranos sedentos de poder que vimos surgir em vários pontos da nossa história, e colhem os frutos de uma educação rica e rigorosa, não serão, acima de tudo, humanos?



Um dos problemas que mais afecta os indivíduos que se ocupam da governação é a susceptibilidade à corrupção. É uma das pragas políticas que sempre afectou as sociedades humanas: um ou mais indivíduos, em posições privilegiadas, que exploram a sua posição de modo a retirar benefícios pessoais, e que acabam por alterar as motivações do individuo, por mais intrépidas que estas sejam no momento em que chega ao gabinete.

Platão não deixou que tal possibilidade escapasse ao seu escrutínio. Aos Guardiões, não lhes será permitido que possuam dinheiro ou casas, ou qualquer tipo de propriedade privada. Viverão comunalmente em instalações simples e espartanas, na verdadeira acepção da palavra. A sua remuneração será a comida que consomem. Desta forma, seguindo da sua educação e condições que se encontram impostas, o Rei-Filósofo nunca poderá incorrer em situações de corrupção, pois todos os focos donde tal comportamento possa nascer encontram-se fora de alcance.

Poderemos então colocar uma questão pertinente: Se a vida do Rei-Filósofo é tão despojada de riquezas, ou pior, de qualquer possessão material, o que nos leva a pensar que quereria governar? Podemos retirar de secções anteriores deste artigo uma justificação, que se baseia no facto de o Guardião ser um filósofo, um homem (na verdade, nunca existiu qualquer menção a mulheres, o que nos leva a excluir Rainhas-Filósofas!) dedicado ao conhecimento e à reflexão, que não ambiciona qualquer bem material.

Mas, se assim é, porque irão atribuir parcelas do seu tempo à complexa arte de governar? Platão responde que os Guardiões (possuindo a sophia) não governarão apenas porque foram preparados para tal, ou porque a função possui vantagens intrínsecas ao seu exercício, mas porque se não o fizerem, a cidade não irá ser bem governada e poderá sucumbir ao declínio económico, guerra civil, entre outros problemas. Os Guardiões não verão a governação enquanto algo aprazível, mas enquanto algo necessário.

Certamente que, ainda assim, o Rei-Filósofo poderia ser, no fundo, um homem sem escrúpulos e aproveitar as potencialidades da sua posição para alterar as leis fundamentais (incluindo as que interditam a posse de propriedade). E quem o poderia impedir? Talvez possamos afirmar que os Auxiliares e o povo se unissem contra o reino tirânico. Ou talvez não, e os mesmos poderiam aproveitar para tirar partido do novo paradigma político, reforçado a autoridade tirânica do Rei-Filósofo. Podemos também supôr que o povo nunca aceitará o governo do Rei-Filósofo. Mas será que o povo poderá governar melhor, não sendo especializado e competente na arte de governar? Afinal, é este o argumento que está na base da analogia das profissões e que sustenta os argumentos de Platão. São possibilidades inquietantes, que apesar de tudo, não constituiem argumentos dignos para que possamos alinhar contra o filósofo.

A questão que poderá causar algum incómodo a Platão é de natureza epistemológica. Todo o conhecimento, seja ele de que natureza for, é falível. Não existem médicos ou arquitectos que não se enganem (com consequências graves!), e seguinto esta linha de raciocínio, poderiam os Guardiões adquirir conhecimento que sustentasse a sua posição enquanto elementos necessários? Platão afirma que os Guardiões possuem a virtude do conhecimento (sophia). Mas poderá o conhecimento ideal ser adquirido?

Certamente que não. Os Guardiões são seres humanos, e todos os seres humanos estão sujeitos a errar, em algum ponto da sua existência. Certamente que um engenheiro poderá cometer um erro ao desenhar uma ponte, com consequências catastróficas. Mas não se segue que o engenheiro seja incompetente. Cometeu um erro, mas possui a competência necessária para desempenhar as suas funções melhor que um amador que não conhece os preceitos e intricâncias inerentes à construção de uma ponte. Se não confiarmos no engenheiro, admitindo a possibilidade deste se poder enganar, poderemos confiar na populaça que possui menos competência na área, e logo, estará sujeita a enganar-se mais frequentemente? Tenho a certeza que o leitor não quereria atravessar uma grande ponte cujos materiais e quantidades fossem decididos através do sufrágio aos moradores da sua rua. Nem toda a gente possui o mesmo nível de competência - ou ausência dela - em todos os ramos do saber, tal como nos recorda Jonathan Wolff [1] Um argumento desta natureza levar-nos-ia a concluir que não existem profissões (pois apesar de não existirem humanos infalíveis, nenhum humano poderá ser um engenheiro químico competente se carecer de formação adequada).

Poderíamos ainda afirmar que não existe um corpo de conhecimentos específico da governação, e que apesar de um médico necessitar de formação adequada para exercer a sua função, não se passa o mesmo com o governante. [2] Mas também esta afirmação é pouco credível: “Os governantes actuais precisam de possuir um conhecimento bastante subtil de economia, psicologia, e motivação humana. Precisam de ter (embora nem sempre tenham) grande inteligência, uma enorme capacidade de trabalho, excelente memória, uma capacidade extraordinária de lidar com o pormenor e habilidade nas relações com outras pessoas” Jonathan Wolff, Introdução à Filosofia Política.

Parte desta descrição bastante razoável de Wolff que governar pode ser interpretado, de facto, como uma profissão de contornos bastante complexos. O bom governante deverá possuir, sem sombra de dúvida, os atributos supracitados. Mais uma vez, o argumento é insuficiente para afastar Platão.

Mas existe uma objecção que poderemos manter com algum sucesso. Não se encontraria o Rei-Filósofo, na sua contemplação filosófica e nas suas tarefas de administração da polis, privado da observação da realidade política? Não se encontraria o Rei-Filósofo privado do conhecimento real do estado da cidade, estando assim longe da obtenção das credenciais que legitimam um regime político?

Fica a questão, que a terceira parte do artigo tentará resolver.

[1][2] Jonathan Wolff, Introdução à Filosofia Política

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

"Qui custodiet ipsos custodes?" Parte I

“Qui custodiet ipsos custodes?“, é a frase latina para ‘Quem guardará os guardiões?’

Os leitores que já tiverem tido o prazer de folhear a extensa obra filosófica de Platão reconhecerão a questão enquanto uma das maiores objecções ao governo dos ‘Reis Filósofos’, déspotas iluminados e benevolentes cujo único propósito é governar desinteressadamente em prol da comunidade.

Para os leitores que nunca o fizeram, irei proceder neste artigo à exposição do argumento de Platão contra a Democracia, apresentando os seus argumentos e contrapondo a partir de vários pontos de vista.

Platão argumenta contra a Democracia

Imagina, pois, que acontece uma coisa deste género, ou em vários navios ou num só: o capitão, superior em tamanho e em força a todos os que se encontram na embarcação, mas um tanto surdo e com a vista a condizer, e conhecimentos náuticos da mesma extensão; os marinheiros em luta uns contra os outros, por causa do leme, entendendo cada um deles que deve ser o piloto, sem ter jamais aprendido a arte de navegar nem poder indicar o nome do mestre nem a data do seu aprendizado, e ainda por cima asseverando que não é arte que se aprenda, e estando prontos a reduzir a bocados quem declarar sequer que se pode aprender; estão sempre a assediar o capitão, a pedir-lhe o leme e a fazer tudo para que este lhes seja entregue; algumas vezes, se não são eles que o convencem, mas sim outros, matam-nos, a esses, ou atiram-nos pela borda fora; reduzem à impotência o honesto capitão com drogas, a embriaguez ou qualquer outro meio; tomam conta do navio, apoderam-se da sua carga, bebem e regalam-se a comer, navegando como é natural que o faça gente dessa espécie; ainda por cima, elogiam e chamam marinheiros, pilotos e peritos na arte de navegar a quem tiver a habilidade de os ajudar a obter o comando, persuadindo ou forçando o capitão; a quem assim não fizer, apodam-no de inútil, e nem sequer percebem que o verdadeiro piloto precisa de se preocupar com o ano, as estações, o céu, os astros, os ventos e tudo o que diz respeito à sua arte, se quer de facto ser comandante do navio, a fim de o governar, quer alguns o queiram quer não — pois julgam que não é possível aprender essa arte e estudo, e ao mesmo tempo a de comandar uma nau. Quando se originam tais acontecimentos nos navios, não te parece que o verdadeiro piloto será apodado de palrador, lunático e inútil pelos navegantes de embarcações assim aparelhadas?

Platão, A República, pp. 275-276

A oposição de Platão à democracia começa pelo insulto à democracia: A democracia é o governo do demos, ou seja, do povo, do vulgo, das pessoas que não possuem qualquer experiência governativa. Mas este insulto, por si, não vale. É apenas a abertura para alguns dos argumentos mais poderosos formulados pelo filósofo ateniense.

Um dos mais poderosos argumentos de Platão é a analogia das profissões. O argumento é bastante intuitivo, de fácil compreensão, e toma a seguinte forma: Imagine o leitor que é atingido por uma doença, ou que decide construir uma nova casa. Certamente que nestes casos, consultaria os especialistas que receberam formação nessas áreas, ou seja, o médico e o arquitecto/engenheiro. O que seria da nossa saúde ou da integridade estrutural do nosso edifício se reúnissemos os habitantes da nossa rua e pedissemos que votassem sobre o medicamento que deveríamos administrar ou sobre intrincados detalhes estruturais da nossa futura casa? O leitor irá certamente concordar que tal método é potencialmente desastroso.

Segundo Platão, o mesmo se aplica ao Estado. Para tomar decisões políticas, é necessário um grau de competência apenas adquirido através da especialização na área. Inquirir junto do povo sobre assuntos da mais elevada importância para a saúde e integridade do Estado poderá ser comparado a navegar em alto mar ignorando as palavras e competência daqueles que se formaram enquanto capitães. O Estado, tal como um navio desgovernado, irá sulcar os mares sem destino e à deriva, até que a inexperiência destrua os pseudo-marinheiros e o navio.

Se o povo não é competente para tomar decisões políticas, onde encontraremos estes indivíduos que possuem mestria nos delicados assuntos do Estado?

Até que os filósofos sejam reis, ou que os reis e príncipes deste mundo tenham o espírito e a capacidade da filosofia e que a grandeza política e a sabedoria se combinem, e que as naturezas mais comuns se dediquem a uma destas sem descuidar da outra , as cidades nunca terão tréguas em seus males, nem a raça humana, conforme creio - e só então terá este nosso Estado uma possibilidade de vida e de contemplar a luz do dia”. [1]

Platão aponta os ‘Reis Filósofos’ enquanto governantes ideias do Estado. Mas um rei filósofo é submetido a uma educação rigorosa e prolongada, em que a filosofia é apenas um assunto abordado numa fase mais madura.

“A formaçãfo filosófica, afirma Platão, é uma qualificação necessária para governar. Com tornar-se filósofo, Platão não quer dizer que basta passar uns anos a ler e a pensar acerca da filosofia.” Jonathan Wolf, Introdução à Filosofia Política

Com efeito, Platão descreve a formação dos reis filósofos, compreendendo uma educação generalista até aos dezoito anos, altura em que o formando será submetido a dois anos de rigoroso treino físico. Os que se destacarem nestas áreas, receberão uma formação matemática rica e rigorosa. Seguem-se cinco anos de treino na área da dialética e quinze anos de aprendizagem relacionada com a gestão da polis. A filosofia será abordada por volta dos trinta anos, com vários interregnos. Só no final desta extensiva formação, será “(…)permitido dedicarem-se permanentemente à filosofia(…)” [2]

Por fim, o governante da polis será escolhido desta classe de Guardiões. Os restantes serão Auxiliares, assumindo papéis sobretudo na área militar. A sociedade platónica divide-se então em:

Governante(s) (os Guardiões, Reis Filósofos)
Combatentes (os Auxiliares)
Trabalhadores (os restantes membros da sociedade)

Normalmente, os indivíduos permanecem na classe em que nascem.

Mas divagamos. A organização social da sociedade platónica será discutida em artigos posteriores. Iremos focar-nos na objecção de Platão à democracia.

Verificamos assim que para Platão, de acordo com a analogia das profissões, defende que tal como na medicina e na arquitectura, a prática política deve ser desempenhada por indivíduos competentes. A medicina e a arquitectura deve ser deixada a indivíduos que se destacaram por serem os candidatos mais aptos ao exercício das suas funções, e da mesma forma, também o governo, pela importância e complexidade óbvias que possui (comparável à medicina ou arquitectura, se não mais complexo ainda, e tal facto é inegável) deve ser deixado aos especialistas.

Será legítimo entregar as decisões políticas (na época de Platão, o regime vigente era a Democracia Directa. Embora o mesmo principio se possa aplicar à Democracia Representativa, na medida em que os cidadãos são convocados a escolher os seus governantes.) à populaça, que não é, na sua generalidade, especializada na intricada arte de governar? Jonathan Wolff refere, na sua Introdução à Filosofia Política:

“À primeira vista, o argumento de Platão contra a democracia parece devastador. Se governar é uma arte, e uma arte apenas dominada por poucos, então a democracia parece obviamente absura e irracional. O defensor da democracia tem de encontrar uma resposta para a analogia das profissões. Mas terá esta algum ponto fraco?”

Exploraremos os contrargumentos que são possíveis formular contra a posição de Platão no próximo artigo.

[1] Platão, A República
[2] Jonathan Wolff, Introdução à Filosofia Política

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sábado, 1 de dezembro de 2007

esquentamento global



(via insurgente)

Os negacionistas reconhecem que as suas limitações não se ficam pela distorção da ciência.

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sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Deus não é grande




(via atlântico)

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quarta-feira, 28 de novembro de 2007

The devil you know

Reparei que muitos dos sites donde retiro informação, declaram às claras o seu apoio a Ron Paul. Só a título de exemplo: cremation of care; free-market news; liberty think; prison planet e o raiders news network.
Eu não gosto do candidato e continuo a gostar dos portais. É algo que também se faz nos grandes meios de comunicação e que se devia começar por cá. A certeza da parcialidade é sempre preferível a qualquer tentativa de imparcialidade, que por aquilo que implica, é sempre uma incerteza.

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Corrente blogosférica

O Flávio decidiu meter-me novamente em trabalhos. Desta vez tenho que estar a ler um livro com 161 páginas e transcrever a 5ª frase. Decidi que vale a pena deixar um pouco mais do que uma frase:

"A todos quantos importar saber informamos de que Lázaro da Costa jamais se indignificou pelo exercício do ofício de talhador de reses, e de que tão-só praticou, conforme se tornaria de nosso indiscutível conhecimento, no contrato de partidas de gado que vendia aos talhos, o que não será de molde a reputá-lo de mecânico que haja desempenhado actividade inconciliável com o título que lhe cabe, de cavaleiro da Ordem de Santiago, herdado de resto de seu pai, Martinho Machado Pinto, o qual o reconheceu como prémio concedido por El-rei Dom Pedro, nosso Senhor, em recompensa pelos feitos lavrados pelo seu progenitor, Domingos Rodrigues Pinto, aquando das guerras travadas contra os nossos inimigos, e designadamente em paga da valorosa defesa de Vila de Rei, na qual desbaratou os que a acometiam, salvando as populações portuguesas das atrocidades das tropas espanholas."

Camilo Broca de Mário Cláudio

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terça-feira, 27 de novembro de 2007

Bruce Kent Williams / Don LaRose



Ken Williams era o Mayor em Centerton, no Arkansas, até o jornal "The Benton County Daily Record" ter denunciado a vida dupla que este levava e que expunha num site, onde revela a sua vida pessoal.
No site, o Mayor narra uma história bizarra que começa em 1975, com um pastor baptista, Don LaRose, que desaparece deixando o carro abandonado num local onde ocorreriam reuniões satânicas. Só passados 11 anos é que este recupera a memória com a ajuda de sódio-amital, em sessões de narcoanálise administradas pelo Dr. DeHaan.
Bruce Kent Williams redescobre o dia em que foi raptado e electrocutado numa carrinha, tendo depois acordado como um vagabundo nas ruas de Chicago. Diz ele que preferiu guardar segredo para proteger a família.
Advinha-se um best-seller...

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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Discriminação entre homossexuais



Não é comum que eu fique apreensivo quando associações contra a homofobia, como a ILGA, andam nas bocas do povo por questões de liberdade individual. A justeza da luta não me trás à memória nada de negativo, a menos que a acção deixe de servir apenas a luta e passe a servir outros interesses.
Mohsen Yahyavi, deputado no parlamento iraniano, numa atabalhoada tentativa de suavizar a questão dos (inexistentes) gays condenados, acabou por afirmar que estes são enforcados, mas só se a homossexualidade extravasar o domínio privado como prevê a lei islâmica. Isto pode acontecer com um simples beijo e parece que só aí é que já se justifica a pena.
Nada disto seria motivo de uma nova posta se as constantes capas a que os Irão têm tido direito não discriminassem todos os outros homossexuais que são condenados à morte no Afeganistão, Arábia Saudita, Iémen, Sudão, Mauritânia e Paquistão. Sem retirar valor a uma luta que se deveria estender, por igual, a todos os recantos do globo, parece que há homossexuais e homossexuais. Há uns que têm direito ao reconhecimento mediático, como os jovens Mahmoud Asgari e Ayaz Marhoni, usados na propaganda ideológica para a desumanização do regime iraniano. Depois há outros, oriundos de países aliados, cuja utilidade nestas manobras é nula, assim como o seu valor.

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sábado, 3 de novembro de 2007

A assiduidade como critério de avaliação



Para se perceber porque é que as críticas do CDS-PP nada têm a ver com padrões de exigência. Como se para além dos resultados escolares, houvessem diferenças entre um aluno que faz o frete de ir picar o ponto, ocupando o período das aulas a distrair os colegas, e outro que embora não meta lá os pés, consegue melhores resultados que o primeiro.

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Durão Barroso de volta ao youtube (3)

E ao que parece já está no portal da comissão europeia, senão vejam aqui:"Para satisfazer a crescente procura, aqui está um vídeo do Presidente Durão Barroso na sua juventude. O vídeo mostra o estudante de direito de 19 anos na Universidade de Lisboa em 1975, durante o período revolucionário de Portugal, altura em que lutava pelos direitos dos estudantes".
Justiça lhe seja feita. O gesto revela poder de encaixe e enterra as acusações de pressão para a retirada do vídeo.

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sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Pedro Arroja, behind enemy lines

Aprovo e reitero a tese conspirativa desenvolvida por Nuno Ramos de Almeida sobre o professor Pedro Arroja. A diferença é que ele não é um infiltrado qualquer, é simplesmente genial. Desde a privatização dos rios até ao choque de civilizações entre os judeus e os católicos, Pedro Arroja exibe da forma mais despudorada o pensamento íntimo não verbalizado da direita liberal-liberal e liberal-conservadora.
Não percam as cenas dos próximos capítulos no Portugal Contemporâneo.

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O utilitarismo religioso na Coreia do Norte

É complicado concretizar o projecto mais colectivo e isolacionista que o mundo conhece, deixando ao critério individual o julgamento dos propósitos para os quais trabalham, e se calhar, sob os quais foram concebidos.
Em primeiro lugar temos que nos socorrer do sentimentalismo e garantir que a sua afectação turva qualquer apreciação lógica. Depois apanhamos as franjas com qualquer coisa que careça de demonstração e feche a mente em raciocínios circulares capazes de estontear o mais audaz dos pensadores.
Essa coisa tem que condizer, ou pelo menos não contrastar, com os tons de vermelho com que se pintam as efígies do regime. Não pode por isso ser o trivial deus monoteísta, nem o Cristo-el-más-grande-socialista-de-la-historia.



É perante este problema que eu tenho que tirar o chapéu ao regime norte-coreano, que conseguiu substituir deus da forma mais criativa de que alguém se poderia lembrar.
Este senhor que vocês vêem na figura é o actual Presidente da Coreia do Norte. "Estranho!" dirão alguns "Nunca o tinha visto em lado nenhum". Pois não, e a razão para nunca o terem visto em nenhum dos despiques diplomáticos em que a Coreia do Norte esteve metida nos últimos tempos, é porque este homem morreu há 13 anos atrás. "E como é que ele chefia o Estado estando morto há 13 anos??" perguntarão os mais atrevidos. É aqui que entram os poderes celestiais consagrados pela Constituição, demasiado profundos, insondáveis aos homens, perdidos na vulgaridade das coisas terrenas. Os outros, os norte-coreanos, esses percebem como é que o país se governa com o cargo de chefia do Estado vago para a eternidade, ou ocupado por aquela entidade celestial que ainda ninguém provou por a+b, ter deixado de governar. É por isso e não só que o povo ainda pára para celebrar o seu aniversário e chorar na data da sua morte.
O filho do actual e falecido chefe de Estado, Kim Jong Il, também é um pouco mais do que um homem, embora não receba a divindade que o estatuto do pai lhe conferiu. Reza a lenda, difundida pela biografia oficial do primeiro-ministro (o filho) e contrariada pelo Wikipédia com base em "factos", que no momento do seu nascimento na mais alta montanha da Coreia do Norte, o céu aclarou onde um arco-íris se esbateu e os pássaros cantaram.

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quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A religião e o sucesso escolar

Não é complicado explicar porque é que as escolas privadas têm melhores resultados que as públicas, o estudo apoiado por tutores, a classe social, a selecção dos alunos admitidos e afins. O que já não é consensual é querer colar a religião a este facto, dizem que são "privadas e católicas", como se o segundo adjectivo funcionasse sem o primeiro, como se por si só acrescentasse o que quer que seja.
Decidi pegar em escolas laicas e religiosas, retirei os 620 e 698 melhores exames respectivamente, fiz uma média entre as duas. Escolhi o número de exames onde o diferencial era menor e arredondei os valores às centésimas.


Escolas religiosas

O Colégio Mira Rio em 38 exames consegue uma média de 150,61.
O Colégio Cedros em 32 exames consegue uma média de 139,34.
O Colégio São João de Brito em 279 exames consegue uma média de 133,32.
A Academia de Música de Santa Cecília em 69 exames consegue uma média de 133,03.
A Escola Técnica e Liceal Salesiana Santo António em 280 exames consegue uma média de 132,86.

Consolidando as contas, em 698 exames as escolas religiosas conseguem uma média de 134,32.

Escolas laicas

A Escola Secundária Infanta D. Maria em 505 exames consegue uma média de 136,82.
O Colégio Valsassina em 115 exames consegue uma média de 135,98.

Consolidando as contas, em 620 exames, as escolas laicas conseguem uma média de 136,66.

É claro que a isto se tem que somar o facto da Escola Secundária Infanta D. Maria não ser privada, e por isso não fazer selecção de alunos nem representar um estrato social. Para ficar uma coisa bem feita teria que usar apenas e só escolas privadas que fossem laicas, comparando depois as que se situam nos mesmos meios e que pedem semelhantes propinas, fazendo um despiste correcto das restantes variáveis e mexer apenas com o factor religião. Não tendo esses dados, e dispondo apenas do Colégio Valsassina para argumentar, tenho que me ficar por aqui. No entanto tenho a convicção que se as privadas fossem laicas, o resultado seria idêntico.

P.S. "A lista de escolas apresentada pelo CM baseia-se nas notas das provas realizadas pelos alunos internos de todas as escolas públicas e privadas às seguintes disciplinas: Biologia, Física, História, Inglês, Matemática, Português B e Química."

P.P.S Os dados oficiais estão aqui.

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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A desilusão da tradução












Pus-me no lugar de Lígia Rodrigues e Maria João Camilo, responsáveis pela tradução, na tentativa de transpor para português o título, ao mesmo tempo que se lhe dá a atractividade imediata de que necessitam as editoras para prosperar. Entre mentira, ilusão, delusão e logro, não me ocorreu desilusão. A julgar o livro pela capa, aconselho a versão original.

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Doc Lisboa 2007

Passei hoje por para ver o Ghosts of Cité Soleil.
O documentário apresenta-nos a microcósmica Cité Soleil guiada por dois mercenários (Chimères - os tais "ghosts" a que se refere o título) e onde se pode comprovar a cores o retrato da Cruz Vermelha: "Desemprego endémico, iliteracia, inexistência de serviços públicos e de saneamento básico, crime descontrolado e violência armada".
Constrange o facto da miséria nos estar a ser relatada pelas mesmas pessoas que para ela contribuem. Os mercenários que a soldo do governo de Jean-Bertrand Aristide disparam sobre qualquer oposição, e às vezes entre eles por questões de chefia bairrista, são descritos pelo realizador como sendo o sintoma e não a doença que por ali se espalha. Não é sequer negado o espaço no documentário para a exposição dos seus dilemas existenciais sobre quem matar a seguir para ganhar o respeito (entenda-se medo) dos habitantes do bairro
Acresce ainda o facto da imagem escolhida para publicitar o filme ser um voyeurismo do cameraman num momento infeliz entre um dos bandidos e Lele, uma assistente social francesa.
Fora as anteriores observações, é um bom documentário. A câmera vai a todo o lado e chega a presenciar um tiroteio.

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domingo, 14 de outubro de 2007

A Queda da Cultura Ocidental?

"Óptimo homem, tu que és cidadão de Atenas, da cidade maior e mais famosa pelo saber e pelo poder, não te envergonhas de fazer caso das riquezas, para guardares quanto mais puderes e da glória e das honrarias, e, depois, não fazer caso e nada te importares da sabedoria, da verdade e da alma, para tê-la cada vez melhor?"

Platão,
Apologia de Sócrates

Quando Sócrates colocou esta questão perante a Assembleia dos 501, que mais tarde iria proferir a sua sentença de morte, o filósofo ateniense estava, provavelmente, consciente da natureza intemporal da sua questão. Sabia que esta não se coadunaria unicamente à sua era, e que iria sobreviver ao teste do tempo, as suas raízes bem assentes na natureza humana, e por esse meio, as motivações que provocam a questão estariam presentes na sociedade expressa pelo meio que o ser humano, baseado na sua natureza, constrói. Em todas as eras da História da humanidade, as preocupaçoes básicas pautaram sempre a mente humana. E tal é apenas natural, uma vez que tudo o resto depende da satisfação dos impulsos básicos definidos pela nossa programação biológica. Só então pode a razão e a arte florescer, e providenciar frutos duradouros.

Mas a "Civilização Ocidental", cujo substrato e estrutura cultural lhe permitiu erguer-se, orgulhosa, sólida e fundada, está a cair. E a queda, apesar de vertiginosa, é pouco notada. Afinal, aqueles que a poderiam notar são os que se afundam com ela, substituindo a virtude pelo hedonismo puro, recusando assim a busca pelo conhecimento e recostando-se em plena alienação, hipnotizados pela vacuidade do fast-food cultural. Em apenas uma ou duas gerações, os nomes de Platão, Kant, Galileu, Turing ou Heisenberg (apenas para mencionar alguns) terão sido esquecidos, meras menções no rodapé dos manuais de História do ensino cada vez mais pobre (se História ainda estiver no currículo, por essa altura! Filosofia, decerto, já não irá figurar no currículo académico) e acrítico, que é, afinal, tudo aquilo que um modelo civilizacional moribundo tem a oferecer aos seus filhos.

A dificuldade em resgatar uma cultura moribunda acentua-se sobretudo quando pensadores e artistas, afinal, os produtores e zeladores da cultura ocidental, se fecham em círculos e elites, que recusam interagir abertamente com um público que, afinal, não quer saber. Aqueles que podem travar, e eventualmente, proceder a reparos estruturais na nossa civilização não possuem a motivação para levar a cabo uma tarefa tão ingrata. A produção de cultura, dita viável, está na mão de glutões cujo único interesse é apenas o lucro, e não a evolução positiva da cultura.

Todas as culturas evoluem. Todas as culturas possuem ciclos de vida, nos quais nascem, vivem e morrem. Será a nova cultura pop do Oeste o cancro que consome o corpo cultural?

Tudo isto sem Europocentrismos, ou etnocentrismos de qualquer espécie. Acredito que as culturas não devem ser estanques. Devem interagir e partilhar, assegurando assim a sua evolução e sobrevivência, mantendo os conceitos nucleares que a definem. A globalização capitalista procura impôr valores culturais, ao invés da partilha saudável e selectiva. Efectua-se assim a metástase de um cancro que já se espalhou por todo o globo.

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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Durão Barroso de volta ao youtube (2)

"Hoje também fomos contactados pelo staff do Gabinete de Barroso que, pelos vistos, quer publicar o vídeo no seu próprio de site - será por ter achado graça, como foi dito ao Jean Quatremer, ou tratar-se-á de uma airosa manobra de desmontagem do movimento de disseminação “por vias travessas” que se gerou? Perguntam-nos qual a origem do vídeo e se não haverá problemas de copyright… Alguém sabe?"

Pelos vistos não fui só eu que recebi a dita mensagem na caixa do youtube.
Parece-me que qualquer tentativa para suster a natural disseminação do vídeo seria frustrada e perigosa. A melhor maneira de lidar com as tolices do passado é aceitá-las e rir delas. Melhor ainda seria publicá-las no Portal da Comissão Europeia, desmontando a ideia de que se pressiona a retirada do vídeo ao mesmo tempo que se dá uma lição de carácter a todos os que acusaram Durão Barroso disso mesmo.

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domingo, 7 de outubro de 2007

Durão Barroso de volta ao youtube

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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Até os factos são anti-semitas

Deixo aos interessados um argumentário que despeje, com o devido asseio, o lixo catequizado pelos lidadores da blogosfera. Aparentam os princípios mais coerentes, aliados aos factos por demais demonstrados, que qualquer apreciação da administração israelita, das suas políticas concretas, assim como a negação dos princípios e propósitos que sustentam a ideologia sionista, cai no famigerado rótulo: o anti-semitismo.

O anti-semitismo e a conotação racial de uma religião

A palavra não é nova, existe desde 1873, é da autoria de Wilhelm Marr e serviu de eufemismo ao termo Judenhass (ódio aos judeus). O termo é infeliz, e até eu já me servi dessa infelicidade. Não percebem as pessoas que o utilizam, que este serve para descrever aquilo que os precursores do nazismo julgavam existir, mas não existe, que é uma etnia que se transmite religiosamente. Nem o judeu pode ser tipificado como o semita de cabelo preto e nariz adunco, nem mesmo os hebreus preenchem todo o campo lexical, o qual abrange também os árabes e outros de língua camito-semítica. O ódio aos judeus não é diferente do ódio cristãos, ou do ódio aos muçulmanos, tão difundido pelos mesmos lidadores e aligeirado amiúde pelos restantes correligionários.
Por uma questão de princípio ninguém deve estar imune à crítica, por maiores que sejam os constrangimentos impostos por quem o quer impedir.

O mito de que todos os judeus se revêem na ideologia sionista e no Estado de Israel

O sionismo e o judaísmo não só são coisas bem distintas, como chegam a ser antagónicas. O sionismo é uma ideologia nacionalista que materializa a religião num pedaço de terra, num exército. Lendo o Talmud (Tractate Kesuboth p.111) não só ficamos a saber que a diáspora judaica é de vontade divina, assim como a violação dessa proibição, até à chegada do Messias, acarretaria inúmeros perigos para os judeus. Tal violação só demonstra a profunda descrença do movimento sionista na religião que dizem querer defender, assim como nos castigos divinos.
A ofensiva ideológica dos sionistas levou muitos judeus a criarem organizações para espraiar algum conhecimento num areal de mentiras e clichés.

jews against zionism

jews not zionists

naturei karta

Defender um Estado para os judeus VS defender um Estado judaico

Defender um Estado para os judeus é diferente de defender um Estado judaico.
Defender um Estado onde os judeus sejam cidadãos como outros quaisquer é defender as liberdades individuais, a laicidade e a democracia. Os Estados Unidos representam aquilo que eu descrevi e foram de facto o abrigo para a grande maioria dos judeus, ainda que contrariados por organizações sionistas como a American Jewish Congress, chefiada pelo rabino Stephen Wise, que em 1938 se decide opor à alteração da lei de imigração que permitiria a fuga dos judeus para a America: "It may interest you to know that some weeks ago the representatives of all the leading Jewish organizations met in conference (...) It was decided that no Jewish organization would, at this time, sponsor a bill which would in any way alter the immigration laws".
Aquilo que Theodor Herzl patrocina no seu Der judenstaat (O Estado judeu) não é a luta por um Estado onde deixem de viver como cidadãos de segunda. Defender um Estado Judaico é a mesma coisa que defender um Estado Católico ou um Estado Islâmico. É rebaixar a humanidade afirmando que não somos suficientemente inteligentes para conviver uns com os outros independentemente das crenças de cada um.

Segregar para precaver - Theodor Herzl ensina aos mais incautos como salvar judeus

"In Paris, as I have said, I achieved a freer attitude toward anti-Semitism, which I now began to understand historically and to pardon. Above all, I recognized the emptiness and futility of trying to “combat” anti-Semitism." June l895, Zionist Diary, Marvin Lowenthal (ed.), The Diaries of Theodor Herzl, p.6.

Na continuação do que atrás referi, deixo esta citação que por si desnuda os alicerçes do sionismo. O Estado judaico não pretende resolver o problema da discriminação religiosa, o qual até entende e aceita numa perspectiva histórica e cultural. O Estado judaico pretende fugir ao problema para não ter que o confrontar, e ironicamente, acaba por fazer aos palestinianos, aquilo de que foi vítima.

"Não se pode racionalmente ser contra a constituição de um estado que já está constituído"

Assim como quem se afirma contra qualquer forma de nacionalismo segregacionista, o meu propósito anti-sionista é a laicização, para acabar com o apartheid religioso imposto pelo Estado à sociedade civil.
O propósito não é, como devem imaginar, correr com os judeus à bomba nuclear. Compreendo o jeito que dá à argumentação dos lidadores a imputação destas intenções aos que não pensam como eles.
Outro cenário que poderá surgir na discussão é a negação da realidade. Ser-vos-á comunicado que Israel não é um Estado confessional, mas de substrato bíblico. Para estes casos aconselha-se a leitura deste excelente texto no Diário Ateísta.

Com que legitimidade se defende lá fora aquilo que não se defende em casa

É preciso não perder o sentido quando saltar este coelho da cartola. É verdade que a Europa está carregada de Estados que nomeiam uma confissão oficial: Inglaterra, Escócia, Noruega, Grécia, Finlândia, Islândia, Malta, Mónaco, Vaticano, Liechtenstein, na maioria dos cantões suíços, Dinamarca e Chipre. Mas os erros dos outros não justificam os nossos. Ainda que a comparação seja completamente desproporcionada, a triste realidade de uma Europa confessional apenas nos diz que há muito trabalho a fazer, não desculpabiliza os outros.

"When people criticize Zionists, they mean Jews. You're talking anti-Semitism" Martin Luther King

Quando já nada mais for expectável surgirá esta citação, dita e não escrita, supostamente em Harvard por Martin Luther King. Em relação a isto, diga-se apenas que ninguém é perfeito, e que não há reverendo nem autoridade divina que escape aos factos que acima expus.

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terça-feira, 25 de setembro de 2007

O mito da Madre Teresa



O trabalho de Penn & Teller sobre o mito da Madre Teresa de Calcutá está tão provocatório quanto bem feito, demasiado até para não vir aqui parar. A peça é sustentada por dois livros que podem ser consultados clicando na respectiva imagem.


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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Amigos amigos, satélites à parte











Desconhecia que a União Europeia estivesse a desenvolver um sistema de navegação por satélite completamente independente do NAVSTAR GPS norte-americano e do GLONASS russo.
O projecto chama-se Galileu e iniciou-se na visão de uma parceria com a ESA (European Space Agency) e grupos privados como a Alcatel, a Thales, as italianas Enav, Telespazio e a espanhola Aen. Contudo uma recente decisão ditou que o projecto fosse financiado na íntegra pelo orçamento europeu.
Um dos 30 satélites europeus que vão constelar a órbita terrestre já se encontra em funcionamento, esperam-se os restantes até 2013.

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também não há computadores grátis...

Artigo retirado do Diário Económico de 18/09/2007.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Palhaço também é artista








Confirmei hoje "como o Gel e amigos nos estão a dar uma "lição" de marketing viral".
No entanto, ficou-me a negligente omissão de Mikhail Kalashnikov na selecção de imagens com que nos iam presentiando ao sabor das músicas. A preteriação do sujeito acresce-se de gravidade quando nos encontramos no ano em que se celebra o 60º aniversário da famosa Avtomat Kalashnikova 1947. Para além do fogo de artifício e dos tiros de canhão, a celebração contou com as poéticas palavras do autor da obra-prima:

"Um fabricante de armas está vinculado às suas criações como uma mãe aos seus filhos"

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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

No Shangri-La

Shangri-La. Terra de suprema felicidade e permanente harmonia, perdida num vale algures nos imponentes e frígidos Himalaias. A harmonia social, cultural e religiosa emana do Lama, governante cuja mão sábia e gentil planta os frutos da estabilidade e da paz. O Lama supervisiona a vida diária dos seus súbditos, assegurando que pobres e ricos convivam harmoniosamente, longe do conflito de classes e das convulsões sociais que têm vindo a pautar a história Ocidental através dos séculos. Uma utopia instalada no Tecto do Mundo, entre os picos altos e inóspitos dos Himalaias, que ainda assim são férteis em mitos e lendas diversos enraízados numa cultura milenar, moldada pela mão hábil dos sucessivos Dalai Lama, encarnações de Chenrezig, o Bodhisattva da Compaixão. Uma existência culturalmente rica e pacífica, numa sociedade onde reina a justiça, a cooperação e o contentamento, orientada pelos mais elevados valores budistas.

Descrito acima está o cenário que a maioria das pessoas invoca quando pensa no Tibete: frio e inóspito, mas feliz. O último paraíso na Terra, violado e deturpado pela República Popular da China aquando dasua invasão em 1950, triunfo em 1951 e consolidação em 1959, evento que colocou o Dalai Lama e o seu séquito em fuga. Os vis e seculares comunistas chineses triunfaram facilmente sobre os bons monges indefesos, enquanto o mundo assistia, impassivo perante a devassa de Shangri-La.

No entanto, este cenário possui duas vertentes: Uma é um vertente mítica, e a outra é pura verdade histórica. A verdade histórica deste cenário reside no facto de as forças de ocupação chinesa terem levado a cabo, sob os mais variados pretextos, um vasto leque de atrocidades contra o povo e cultura tibetana. Por mais progressos que tenham sido obtidos com o fim do feudalismo teocrático, estes tornam-se questionáveis quando os novos senhores assumem as rédeas da opressão, usando pretextos e ferramentas diferentes.

A vertente mítica deste cenário encontra-se firmemente enraízado no paradigma ocidental, oculto pelo nevoeiro da História (ou pela falta de interesse no seu estudo) e pelas espessas nuvens da ignorância (consequência inevitável do primeiro). Shangri-La, que de acordo com os ingénuos cruzados do 'Salvem o Tibete', quais paladinos que não conhecem a sua causa, é isso mesmo. Shangri-La. Mas Shangri-La é afinal um local fictício, cujas características gerais descrevi no primeiro parágrafo. Poderá encontrar esta terra de felicidade suprema nas páginas da obra “Lost Horizon”, da autoria do norte-americano James Hilton, que imagina e passa para o papel a utopia dos himalaias. Mas é nas páginas da sua obra que a utopia começa e conhece o seu fim: longe das utopias, felicidade ou estabilidade, o Tibete é palco de violentos conflitos sociais e religiosos, onde a exploração do homem pelo homem conhece uma dimensão mais assustadora que aquela praticada durante a Idade das Trevas europeia. O Tibete dos bem-aventurados é, afinal, o Tibete dos servos e dos escravos, dos castigados, dos desesperados e dos prisioneiros do Karma. O Shangri-La é afinal, um cenário desolador, tão duro, exigente e cruel como os picos e vales esculpidos pela Terra há milhões de anos.

Prisioneiros do Karma

Karma, esse conceito budista que nos fala de vidas passadas, e da recompensa a ser colhida proporcionalmente ao nosso comportamento durante as nossas vidas. É no Tibete que a religião, afinal, Estado, impõe a forma mais horrível, inescapável e ridícula medida de controlo social: Um camponês, desafortunado trabalhador dos campos, de sol a sol, assim o é pois o seu Karma dita que esta é a justa retribuição pelos seus actos nas suas vidas passadas. Da mesma forma, um monge rico assim o é pois tal é a sua recompensa pelos seus actos nas suas vidas passadas, proporcional à sua conduta. É no Shangri-La que os indivíduos são tidos na qualidade de responsáveis por actos que não são os seus, evidenciando uma forma astuta de controlo social que rivaliza e supera o conceito do Mandato Divino da Monarquia Absoluta.

É no Tibete idílico que a justiça é administrada das formas mais cruéis. As amputações são frequentes, e a pena de morte é administrada indirectamente (o Budismo condena o homicidio, seja sob que pretexto for). É neste local em que a teocracia atinge um novo auge, que faz corar de vergonha a República Islâmica.

Que Fazer?

Os argumentos avançados por ambas as partes demonstram o ridículo da situação em que o povo tibetano se encontra. Se por um lado os pró-independência (que na sua maioria são, por ignorância, pró-teocracia) visam a restauração do Dalai Lama ao poder, obstante a ordem social representada por este, os pró-integração (ou pró-RPC) hasteiam a frágil bandeira da Democracia e do Progresso. E é nesta luta de vontades que se esquece ou se relega para uma posição de insignificância as vontades e expectativas do povo tibetano. As barbáries cometidas por ambos os lados do conflito são omitidas ou desmentidas, e cada facção tenta mostrar o seu Tibete como o exemplo perfeito, ou da vida simples e harmoniosa, despreocupada e estável, ou da sociedade antiga que se modernizou sob os auspícios de Pequim. Apenas a miséria, que grassa continuamente, parece não escolher lado: a sua presença é ubíqua na história do Tibete, seja qual for a bandeira hasteada em Lhasa.

A solução, de acordo com os valores do Direito Natural e os melhores valores do Direito Positivo, é deixar a decisão da soberania, e de quem deve governar ao povo tibetano. Só neste reside o poder e a competência para legitimar um regime, e é mediante a sua aprovação e supervisão que este deve exercer funções. O povo tibetano deve ser libertado dos Lamas e do Karma, assim como dos burocratas de Pequim.

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domingo, 16 de setembro de 2007

Quem é o Dalai Lama? (5)

P & T; BS! - H0LIER TH@N TH0U

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Fica por aqui a série de postas. Impressionou assistir à forma pueril como alguma esquerda se deixou seduzir por meia dúzia de lugares comuns sobre a felicidade e a vida, embrulhados em risos e sorrisos de pateta alegre.

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Quem é o Dalai Lama? (4)

Via o bitoque, deixo-vos este documentário:

CIA in Tibet 1
CIA in Tibet 2
CIA in Tibet 3
CIA in Tibet 4
CIA in Tibet 5
CIA in Tibet 6

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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Quem é o Dalai Lama? (3)

Ler também:

«Dalai Lama»: um ex-ditador no Diário ateísta

A quem interessa dividir a China e atiçar conflitos entre suas nacionalidades? de Duarte Pereira no Portal Vermelho.

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quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Quem é o Dalai Lama? (2)

Para Daniel Oliveira, o facto de eu não concordar com a solução representada no Dalai Lama, significa que eu concordo com o problema do imperialismo chinês.

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domingo, 9 de setembro de 2007

Quem é o Dalai Lama?

Contra a despotismo e a tirania chinesa, o feudalismo teocrático budista.


















Na foto, um senhor ri-se de todos os bloggers que acharam que o Estado português tinha o dever de o receber oficialmente.
Para eles, e por divina incumbência, aconselha-se a leitura Friendly Feudalism: The Tibet Myth por Michael Parenti.

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sábado, 8 de setembro de 2007

Jornalismo dos cidadãos


















"É o caso da utopia do "jornalismo dos cidadãos", dentro da crise mais geral da comunicação social de referência, cuja leitura é substituída por uma "cultura de blogues", dispersa, opinativa, pouco rigorosa, extremista e de "causas", mas que cada vez mais funciona como fonte noticiosa e como pedagogia do debate público.

(...)

Não sei até que ponto se encontrará um qualquer equilíbrio que trave o lixo demagógico que hoje enche tudo impante da sua voz tecnológica e salve a "nossa cultura", mas não posso, em nome dessa mesma "cultura", deixar de valorizar o acesso de milhões à porta de um mundo que habita o "espírito", mesmo que assustado com tanta confusão."
José Pacheco Pereira

Estas linhas foram retiradas do Público de hoje. São interessantes porque a partir delas ficamos a saber que, para JPP: a única virtude destes espaços reside no seu livre acesso; a blogosfera é dispersa, opinativa, pouco rigorosa, extremista e de "causas", ao invés da comunicação social de referência.
Presumo que os erros da comunicação social de referência sejam a excepção que confirma a regra, assim como a assertividade na blogosfera.
Neste artigo de opinião, fica a ideia de que JPP quer guardar para as elites todo o espaço opinativo. Talvez se tenha esquecido que a principal virtude destes espaços é a livre discussão. E numa discussão a verdade impõe-se, ao contrário dos monólogos da comunicação social, onde a verdade é imposta.

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sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Na festa do avante (9)

Por sugestão do Flávio, faço mais um post para fechar uma tese que me parece conclusiva e evidente. Um pequeno vídeo de uma manifestação conjunta entre o Partido Comunista da Federação Russa e o Partido Nacional-Bolchevique.

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Na festa do avante (8)

Acaba aqui a série de postas sobre os sórdidos convites endereçados pelo PCP para a festa do avante. O assunto ficou bem sintetizado aqui. Espero que envolvam o Partido Comunista Chinês e o Partido dos trabalhadores da Coreia do Norte na discussão sobre os preocupantes sinais de cariz fascizante na política de Sócrates.
A restante multidão que se divirta. A festa acaba por não servir para mais do que isso.

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quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Na festa do avante (7)

















Por entre chauvinismo, o anti-semitismo e o conservadorismo que pulula no Partido Comunista da Federação Russa, há (porque há sempre) alguém que leva o bolo. O General Albert Makashov (já por duas vezes referido), é o felizardo.
Apanhei aqui a tradução de um artigo desse "senhor", escrito para o Nº 42 da Zavtra, a 20 de Outubro de 1998. Para melhor construírem uma ideia do que é a Zavtra, basta saberem que esta publicação também recebe escritos de Alexander Barkashov, líder da extrema-direita.
Aqui fica um excerto com as melhores cenas:

Usurers of Russia

"Who is to blame? The executive branch, the bankers, and the mass media are to blame. Usury, deceit, corruption, and thievery are flourishing in the country. That is why I call the reformers, yids.
Who are these Jews? In English they are called Jews, in French - Juif, and in Yiddish - yid.
Yid is not a nationality, yid is a profession. Balzac's Gobsek is a Juif, the Gogolian skinflint Plyuskhin is a yid. These images have become a permanent part of world literature. Whoever reads Pushkin, Dostoyevskiy, Gogol, or Shevchenko knows no other word to designate the ravager, the bloodsucker feeding on the misfortunes of other people. They drink the blood of the indigenous peoples of the state; they are destroying industry and agriculture.
They are destroying the Russian army and navy and its strategic nuclear forces. They accept the population's money to be kept in the banks and then give it away, leaving nothing for funerals, for rent, or for old age. Having taken over television, radio, and the press, they do not give a damn about the history and culture of the country that nurtured them, saved them from the furnaces and gas chambers of fascism, and took responsibility for educating them.
They grabbed whatever they could, and today they own 60 percent of Russia's capital. The concepts "Zionist" and "yid" are inseparable. The intelligentsia say "Zionist" but the people use Pushkin's word: yid. The concepts of Zionism and fascism are inseparable, and when they scare people with Russian fascism, it is the same as when a thief shouts: "Stop that thief!"
In all the synagogues, the heders and yeshivas, the Center for the Study of Judaism, the Jewish University imeni Maymonid, in the teachings of the rabbis and the Jewish teachings they read the Torah and the Talmud and speak about the superiority of "God's chosen" Jewish people over all the others, including Russian. And nobody from the Ministry of Justice threatens them.

(...)

It is a good thing that during that time of friendship with Germany they
(os respectivos progenitores) did not call me Adolph. (N.R. Se soubessem o que sabem hoje...)

(...)

When I see what the cosmopolitans are doing with my Motherland - Russia (the Soviet Union) - it makes my blood boil! The little devils "got me" with their threats in connection with the events of October 1993. I said that even after I died I would take at least a dozen yids with me to the great beyond. An eye for an eye!
We have figured out who is to blame. Now, what shall we do about it?"

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Na festa do avante (6)



















O Partido Comunista da Federação Russa é um partido de causas. Prova disso é este texto, fruto de uma discussão no comité central, que alerta o povo para a erosão da consciência nacional, da cultura russa e até para um genocídio étnico de que está a ser vítima. Tudo isto premeditado com minúcia por "democratas", de forma a assegurar o controlo dos recursos energéticos do país.
Mas não se pense que este chauvinismo barato põe em causa a dialéctica da luta de classes: "80% of property in Russia belong to eight ethnic clans. Moreover there is no Russian among them.", realça o partido no dito texto.
Para além do problema da acumulação de riqueza, consequência directa das contradições do capitalismo, acresce apenas que a riqueza não encontra a etnia correcta onde se acumular.

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quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Na festa do avante (5)

"The palpable influence of the Jewish Diaspora on the outlook, culture and ideology of the western world is growing not daily, but literally by the hour. The Jewish Diaspora, which traditionally controlled the financial life of Europe, has become - through the development of its own market - the owner of the controlling stocks of all economic systems of Western civilization. The goals of “chosen-ness,” a predestination for world leadership and exclusivity, are so much a part of the religious dogma of the Jews that they have begun to exert a profound influence over the Western consciousness. Their messianic arrogance is sending its roots ever deeper and showing itself in ever more powerful forms. (...) Slav civilization represented by the Russian Empire that became the last opponent of Western hegemonism" G. A. Zyuganov

Os protocolos dos sábios de Sião reescritos por Zyuganov, no seu livro "Veriu V Rossiiu" (I believe in Russia).

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Na festa do avante (4)

"a ser verdade tal situação, é grave. Mas repare que não foi o PCFR - tanto a sua direcção ou um Congresso deste partido - que decidiu (supostamente) subscrever tal documento para banir as organizações judaicas mas um grupo muito reduzido de cinco deputados. E isso faz muita diferença." João Valente Aguiar

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Na festa do avante (3)

No dia do 60º aniversário da libertação do campo de Auschwitz, chegou à Duma uma petição enviada ao Procurador Geral, que propunha a ilegalização de todas as organizações judaicas. Esta petição foi assinada por 14 deputados do Rodina e 5 do PCFR. Foram eles: Nikolay Yezersky, Vladimir Kashin, Nikolay Kondratenko, Albert Makashov (o tal que ajudou a publicitar o livro do David Duke) e Sergey Sobko.
O texto foi também publicado no Rusí Pravoslavnaya, que mais não é do que um suplemento religioso do Sovyetskaya Rossiya (Rússia Soviética), um jornal sob o controlo do PCFR. Podem lê-lo aqui na íntegra.
Apesar do apelo da juventude comunista para expulsar do partido os subscritores, Zyuganov nada fez. E agora parece que vai dançar para o avante.

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terça-feira, 4 de setembro de 2007

Na festa do avante (2)

Pedi a António Vilarigues, um comentário sobre a presença do Partido Comunista da Federação Russa na festa do avante. Eis um excerto da resposta: "Falei da Colômbia porque é uma situação que acompanho desde 1969 (quando li "Opções da Revolução da América Latina").
A situação na Rússia, e nomeadamente a actividade do PCFR, é algo em que estou quase a zero desde 1991. (...) O máximo que lhe posso prometer, sendo honesto comigo próprio e consigo, é que me vou informar."


Cá espero, pacientemente, uma tomada de posição sobre as actividades do PCFR. Até lá, e para facilitar a sua recolha de informação, irei postar um pouco mais sobre este partido. Para que nada fique por esclarecer.

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segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Al-Qaeda

A Islamic Republic News Agency (IRNA) decidiu catalogar Bin Laden e a sua organização, como uma criação da CIA. A notícia aparece também aqui.
O betinho da família real saudita (o único dissidente) e a sua organização, são também analisadas neste documentário da BBC: "The Power of Nightmares"



Ficou-me na memória o power point de Rumsfeld apresentado na Fox News.

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domingo, 2 de setembro de 2007

Novo manual para os professores na Rússia



















Hoje no Público, Vasco Pulido Valente escreve sobre a nova hagiografia com que se vai leccionar o nacionalismo militante na Rússia. Eu partilho das suas preocupações. Acho até que deveria ser Vasco Pulido Valente a fiscalizar o livro, para garantir que não se esqueciam da "eliminação geral dos kulaks (10 milhões de mortos)". Números redondos para serem facilmente absorvidos pelos alunos e regurgitados nos exames.
Uma maneira de nunca nos enganarmos nestas lides da propaganda contabilística consiste em cuspir um número executável de mortos para quantificar uma atrocidade, isto é, para morrerem 10 milhões de kulaks, é preciso existirem pelo menos 10 milhões de kulaks.
Sobre a história do livro aconselho a leitura aqui e aqui.

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sábado, 1 de setembro de 2007

Na festa do avante

Quero reforçar a atenção que Tiago Barbosa Ribeiro deu no Kontratempos aos convidados do PCP para a festa do avante, acrescentando à lista o Partido Comunista da Federação Russa. O Flávio Gonçalves já tinha dado o mote aqui aquando da vinda do camarada Zyuganov. Eu é que não estava à espera que o PCP reincidisse na mesma falta de higiene.
Este "senhor", o camarada Zyuganov, teve a brilhante ideia de se aliar à extrema-direita: apoiando pessoas como Prokhanov, editor da Zavtra (uma publicação nazi); afirmando que os judeus são os culpados pela miséria que há na Rússia (1); dando rédea solta a Prokhanov e ao deputado comunista Makashov para convidarem David Duke a apresentar o seu livro, o "jewish supremacism", no museu Mayakovsky e falar da protecção da raça branca.
Também já tinha lido sobre isto pela mão de José Milhazes "o Partido Comunista da Federação da Rússia (...) reabilitou Estaline e misturou o estalinismo com ideologias da extrema-direita russa e internacional, onde estão presentes o nacionalismo mais cavernoso, o anti-semitismo, o racismo, etc."
O meu conselho é que não deixem que um bando de patetas e criminosos estraguem a diversão. Espero apenas que não abafem o caso.


(1) Statement by KPRF Chairman Gennady Zyuganov 23 December 1998 (published on website of KPRF under the heading "Official Information")

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domingo, 26 de agosto de 2007

Open library

A Open library é mais um produto do comunismo na internet. Uma biblioteca virtual feita por cada um segundo as suas possibilidades, para cada um segundo as suas necessidades.
Na página inicial têm apenas alguns exemplos de livros digitalizados, mas se vierem aqui ao arquivo, já têm os livros indexados e um motor de busca.

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sábado, 25 de agosto de 2007

A Música e a economia

"Girl, Your Marginal Benefit Is Far Greater Than Your Marginal Cost"



Girl, being with you has always been so tough
With each passing minute, your marginal cost goes up
But my love is inelastic and it all belongs to you
I’m the only love producer, and my good is for you to consume

Because girl your marginal benefit far outweighs your marginal cost
Without our equilibrium baby, you know I’d be lost
Trapped inside this market I need you, to buy my love
Girl without your complementing goods, I’m not enough

Now you say that I’m producing, below my ATC
But I’m optimizing quantity baby, why can’t you see?
We could share this surplus, each and every day
If you would just buy my love, I’ll make my fixed costs go away

Baby I want to keep you for the long run, Oh yeah
I think our supply and demand, will become one…

Because girl your marginal benefit far outweighs your marginal cost
Without our equilibrium baby, you know I’d be lost
Long run equilibrium is no place for me
I need the profits of our love, to grow exponentially.

Via Freakonomics

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Adam Smith



"in competition, individual ambition serves the common good” Adam Smith papagueado em uníssono.

John Nash (interpretado por Russel Crowe): "Adam Smith needs revision (...) If we all go for the blonde, we block each other, and not a single one of us is goin’ to get her. So then we go for her friends, but they will all give us the cold shoulder because nobody likes to be second choice. But what if no one goes for the blonde? We don’t get in each other’s way, and we don’t insult the other girls. That’s the only way we win. That’s the only way we all get laid. Adam Smith said “the best result comes from everyone in the group doing what’s best for himself, right? That’s what he said, right? Incomplete. Incomplete! Because the best result would come from everyone in the group doing what’s best for himself and the group."

in A beautiful mind

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quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Why Aren't Conservatives Funny?




Já se imaginava que um programa caracterizado desta maneira, ainda na sua fase exordial, só podia vir a ser cancelado. Mas interessa perguntar, porque é que o programa não teve piada nenhuma?

"conservative humor tends to be an oxymoronic term (...) In America today "liberal" is a broader, more protean category than "conservative." Jon Stewart is a liberal, but neither he nor the Daily Show view things purely through a left-wing prism. Their goal isn't the care and feeding of a single, narrow political constituency." John McQuaid

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quarta-feira, 15 de agosto de 2007

voucher schools














Para não cair no esquecimento, deixo aqui a discussão que sucedeu o postal Liberty & Learning de António Costa Amaral, que patrocina o modelo de Milton Friedman para o financiamento do ensino por parte do Estado.
Poderão achar demasiado tendencioso, mas eu acho que há ali uma frase que resume a divergência: "Isso é responsabilidade dos pais, não do Estado ou da Sociedade".

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quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Cuba (2)

"Existe democracia suficiente para mudar o que quer que seja a nivel de assembleias locais." xatoo















"em Cuba elegem-se todos os seus dirigentes políticos da base ao topo" João Valente Aguiar.

Urge postar algo sobre o assunto, antes que a democracia em Cuba se oficialize na blogosfera. Essa coisa que é a "democracia" cubana é feita com candidatos independentes porque em Cuba não há direito de associação, excepto para o Partido Comunista Cubano que catapulta os seus candidatos através dos Comités de Defensa de la Revolución, que não só servem os propósitos da fachada eleitoral, como têm rédea solta para malhar nos dissidentes.

E mesmo que independentes eleitos por uma maioria descontente com o regime cheguem ao poder legislativo, será que podem mudar alguma coisa? Não podem! porque a Constituição limita:

A liberdade de escolha de um modelo económico por parte dos cidadãos

Artigo 1: “Cuba es un Estado socialista de trabajadores”

A liberdade de associação contrária aos fins socialistas

Artigo 7:”El Estado socialista cubano reconoce y estimula a las organizaciones de masas y sociales, surgidas en el proceso histórico de las luchas de nuestro pueblo, que agrupan en su seno a distintos sectores de la población, representan sus intereses específicos y los incorporan a las tareas de la edificación, consolidación y defensa de la sociedad socialista.”

A imparcialidade na formação

Artigo 39: “3. promover la educación patriótica y la formación comunista de las nuevas generaciones y la preparación de los niños, jóvenes y adultos para la vida social.”

A liberdade de expressão

Artigo 53: “Se reconoce a los ciudadanos libertad de palabra y prensa conforme a los fines de la sociedad socialista.”

Em suma, há uma ditadura em Cuba, e não vale a pena relativizar.

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