Numa época em que o Aquecimento Global (AG) cobra toda as atenções, um outro fenómeno começa a ganhar relevância no seio da comunidade científica, embora longe do mediatismo do AG, mas nem por isso menos dramático, o Enfraquecimento Global (EG).
E de que se trata? Estudos feitos por uma cientista alemã cujo nome me passou ao lado (vi um documentário no Odisseia e não tive tempo de reter tudo) concluiram que a radiação solar que atinge a superfície da Terra tem vindo a decrescer de forma galopante nos últimos 50 anos, menos 30% na Rússia, 16% na Europa, 9% na Antártica,...
Outro estudo, de dois biólogos australianos, provou que o valor da evaporação da bandeja (uma forma de recolha de dados de evaporação com mais de 100 anos) está a diminuir também, fenómeno esse directamente relacionado com a diminuição da luz solar. Estes dois fenómenos são sintomáticos de uma diminiução da temperatura.
A radiação solar diminui porque o aumento da poluição que se tem verificado torna as nuvens em espelhos gigantes. Uma maior quantidade de fuligem, sulfatos, nitratos e cinzas nas nuvens aumenta também a quantidade de gotas de água (o vapor de água agarra-se às partículas para precipitar, mais partículas, mais gotas) que reflectem de volta para o espaço a luz solar, impedindo-a de chegar à superfície.
Presume-se assim que as fomes no Sahel se devam à poluição do hemisfério Norte, que arrefece os oceanos, alterando os padrões das chuvas, de modo que a CIT (Convergência InterTropical) não se desloque para Norte, não levando as chuvas das monções para o Sahel. Este acontecimento levou à desertificação, que por sua vez levou à morte cerca de 1 milhão de pessoas, devido às fomes, e afectou ainda outros 50 milhões de pessoas.
O EG, embora seja sinónimo das alterações nas monções e diminuição da qualidade do ar (que pode levar a inúmeras doenças), é também o que nos tem vindo a proteger do AG. Um estudo americano revela que nos dias seguintes ao 11 de Setembro, devido ao cancelamento de todos os vôos, se deu um aumento da amplitude térmica, pelo facto de não haver rastos dos aviões no ar.
As medidas de protecção ambiental, a diminuição da poluição, tiveram um impacto positivo na diminuição do efeito do EG, mas nada fazem para atacar as causas do AG, ou seja, podemos estar a negligenciar o verdadeiro poder do AG devido ao efeito mitigador do EG, eliminando este último, podemos ter um AG muito superior ao esperado, na ordem dos 10º nos próximos 100 anos, que é bastante superior às estimativas feitas.
O degelo, os fogos florestais em Portugal, os milhares de mortos em França devido à onda de calor devem-se a uma diminuição do EG e não ao AG.
Com o AG, nas altas latitudes, podemos assistir a uma diminuição drástica do coberto vegetal, aumentando a erosão, podendo originar fortes cheias no Inverno e tempestades de areia no Verão. O AG poderá ainda despoletar o descongelamento das reservas de metano do oceano, libertando este gás na atmosfera, cujo efeito é bem mais danoso que o do dióxido de carbono.
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